Isolamento social e compulsão alimentar: como controlar?

A psicóloga Eliana Ximenes, coordenadora da pós-graduação em atuação psicológica na obesidade da Faculdade IDE, e a nutricionista Joyce Moraes, do núcleo de pós-graduação em nutrição da mesma instituição, explicam 

Devido à pandemia do novo coronavírus, medidas de restrição social vêm sendo tomadas e a maior parte da população está em casa. Trabalhos foram adaptados para serem feitos à distância e aulas são via internet, agora. Mas muitos que tinham uma vida ativa fora do ambiente doméstico estão sentindo a mudança de forma mais intensa. Com isso, surgem os sentimentos de medo, desamparo, ansiedade, insegurança, tristeza e dificuldade de concentração. Algumas pessoas acabam descontando na comida, mas é preciso ficar atento a alimentação neste período, pois pode desencadear uma compulsão alimentar.

“É um desafio conseguir gerenciar as emoções e pensamentos, de modo que as consequências do isolamento sejam minimamente maléficas. Os transtornos alimentares podem surgir ou voltar em situações de grande estresse. Ou seja, no geral, existe no paciente uma tendência ao comportamento alimentar inadequado, que se mantém compensado através da criação de uma rotina e de relacionamentos e atividades prazerosas”, explica a psicóloga e coordenadora da pós-graduação em atuação psicológica em obesidade e cirurgia bariátrica da Faculdade IDE, Eliane Ximenes.

Não apenas exagerar na quantidade de vezes que se come, mas outros distúrbios na alimentação também podem ocorrer neste período em que estamos vivendo. “Numa quarentena, todo o arranjo de sua malha psíquica pode ser ‘desarrumado’. As manifestações, de forma geral, refletem-se no comer excessivo, às vezes compulsivo, mas também podem ocorrer restrições calóricas severas, que caracterizam o quadro de anorexia nervosa. Independentemente dos pacientes já diagnosticados com tais transtornos, o isolamento social favorece tensões que conduzem a ‘orgias’ alimentares”, conta a professora de psicologia da Faculdade IDE sobre como o isolamento influência nos comportamentos alimentares.

Diante do turbilhão de sensações que acontece quando se está sozinho, a cozinha ou um daqueles famosos aplicativos de comida acabam sendo refúgios. Na hora de decidir sobre o que comer, a escolha é sempre feita procurando aliviar a tensão daquele momento e quase sempre não é uma busca saudável. “O estresse está associado à busca de alimentos com alto teor de açúcar e gordura. Assim, fica fácil entender a preferência por pizzas, sanduíches e chocolates, pois são usados como tranquilizantes”, esclarece a psicóloga Eliane Ximenes.

Relação com as conforts foods (comidas que confortam)  

Muito se tem falado da procura pelas comidas que são denominadas “confort food” e a especialista explica o que é e como funciona em nós. “É o alimento que foi escolhido pela pessoa como alívio emocional, sensação de prazer, associado a períodos significativos de sua história de vida, durante a formação dos hábitos familiares. Então, por ocasião da quarentena, há possibilidade de que o indivíduo procure a comida que lhe fornece conforto psicológico, que remeta a situações afetivas do passado”, diz a coordenadora da pós-graduação em atuação psicologia em obesidade e cirurgia bariátrica da Faculdade IDE.

A nutricionista e coordenadora do núcleo de pós-graduação em nutrição da Faculdade IDE, Joyce Moraes, fala de como sentimos prazer neles. “São comidas que trazem conforto. Toda vez que coloco um alimento na boca ele gera sensações. Alimentos gordurosos e doces passa sensação de ser reconfortado por estes tipos de comida. Para alguns remete ao sabor da infância, porque há um mito de que criança pode tudo e é compensada por doce. Há também a questão da rota metabólica, que é quando estamos angustiados, ansiosos e aborrecidos acontece uma queda de serotonina, alimentando assim a nossa compulsão por doce”.

Diante das notícias e do aumento cada vez maior de pessoas infectadas e mortas, surge o medo de adoecer e até mesmo de perder pessoas queridas. “Este medo concorre para o sentimento de perda do poder e controle que a pessoa antes exercia, o que agrava quadros psicológicos e psiquiátricos, em geral. A situação de alarme que se instala no organismo numa pandemia é maléfica para a saúde física e mental. Afinal, a crise da Covid 19 não se assemelha a nenhuma outra crise de saúde no mundo, é inédita a necessidade de distanciamento tão longo”, exemplifica a psicóloga Eliane Ximenes.

Alimentos saudáveis para controlar a ansiedade

 Para tentar amenizar toda a tensão e diminuir essa compulsão por alimentos que não fazem bem em excesso, podemos recorrer a receitas naturais e que são fáceis de encontrar. “Canela, melissa, passiflora, camomila, erva doce e erva cidreira são exemplos de chás que vão nos auxiliar nessa ansiedade e vontade de comer doce. Prefira os chás que tenha planta, pois as plantas mais frescas têm mais bio ativos. O chá de caixinha somente em último caso”, aconselha a nutricionista Joyce Moraes, coordenadora do núcleo de pós-graduação em nutrição da Faculdade IDE.

Há também alimentos que podem ajudar na saciedade e evitar ficar “beliscando” de hora em hora. “Temos as gorduras do bem, como o azeite extra virgem, que pode ser usado em todas as refeições. Além da fibra, presente nas frutas, verduras e legumes. Se não tiver acesso a esses alimentos, pode comprar farelo de aveia, linhaça, gergelim e chia, podendo pedir em casas de produtos naturais ou mercados que estão fazendo entregas”, informa a professora de nutrição Joyce Moraes.

Nos momentos de medo e busca por prazer na comida, principalmente nos doces e gorduras, Joyce ensina como substituir por opções saudáveis. “Que tal trocar por frutas secas, como ameixa e passas? Ao invés de devorar um pedaço de torta alemã que leva creme de leite, leite condensado e chocolate, será que consigo me saciar por um pedaço de doce de fruta? Temos, por exemplo, a bananada e geleia sem açúcar, que são produtos que conseguimos comprar no mercado. São industrializados, mas não são ruins, é só observar no rótulo se possuem conservantes ou corantes”, orienta.

Focar em outras atividades podem ajudar a diminuir a vontade de beliscar o tempo todo

“Numa tentativa de fornecer orientações para o enfrentamento da pandemia com manutenção do equilíbrio emocional, poderia sugerir que cada um, em sua singularidade, encontre atividades que deem prazer e ajudem no controle da tensão. A meditação, yoga, exercícios físicos, conversas com entes queridos, através dos meios digitais, leituras e a música são boas opções. Fugir do excesso de informação acerca de números de infectados e mortos, que pode gerar ou agravar os desajustes dos quais falamos, também pode ajudar”, recomenda a professora de psicologia da Faculdade IDE Eliane Ximenes.

Para diminuir a vontade de comer o tempo todo, a nutricionista Joyce Moraes orienta procurar atividades que nos entretém dentro de casa.  “Ao invés de ir comer, de mastigar algo para tentar controlar a ansiedade, vai ver um vídeo, assistir uma série, estudar, fazer um trabalho ou qualquer outra coisa, pois se você ficar parado a coisa mais fácil é ir comer”, observa.

Eliane também instrui que aqueles que não estão bem psicologicamente procurem ajuda profissional. “Considero importante salientar que as pessoas que estejam em grande sofrimento psicológico durante o isolamento podem contar com atendimentos médicos e psicológicos no formato virtual, já autorizado pelos conselhos das respectivas profissões”, informa a professora de psicologia da Faculdade IDE.

FACULDADE IDE – A Faculdade IDE, mantida pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional, desde 2006, promove pós-graduações na área de saúde, contando com mais de 120 cursos nas áreas de medicina, enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, educação física, psicologia e fonoaudiologia. Autorizada pelo MEC, na portaria nº 852, de 30/12/18, passou a oferecer também graduações, como de Estética e Recursos Humanos. Com matriz no Recife e atuação no interior de Pernambuco, como Caruaru, Garanhuns e Petrolina, tem unidades também espalhadas por vários estados do Norte e Nordeste, como Ceará, Bahia, Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Belém. Mais informações (81) 3465.0002, 0800 081 3256 e www.faculdadeide.edu.br.

*Via Assessoria