A Paixão de Cristo que cumpre a missão de contar a história do homem que inspirou o mundo faz 50 anos

 


Amigos e sua esposa Diva Pacheco apostaram no projeto do grande empreendedor da história do teatro, Plínio Pacheco. Este que em meados dos anos 1967 juntou todos em uma mesa de bar para discutir o que hoje é considerado patrimônio imaterial do povo pernambucano. Juntos apostaram que o impossível não existia e que lutariam para transformar não somente a vida deles, mas sim, a vida de todos que até hoje vivem naquela cidade.


Com apoio da família e dos amigos, a Nova Jerusalém saía aos poucos do papel, numa cidade do agreste pernambucano entre a BR104 e a cidade Brejo da Madre e Meus. Sem dinheiro, mas enfrentando todas as dificuldades com muita sorte, o projeto de Plínio Pacheco contou com o apoio do Governador daquela época.


Durante estes 50 anos muitos artistas sentiram de fato o que era atuar no maior espetáculo ao ar livre do mundo, que atrai aproximadamente 8 mil pessoas a cada apresentação, entre eles estão nomes como Thiago Lacerda, Murilo Rosa, José Barbosa, Herson Capri, Francisco Couco, Susana Vieira, Carlos Reis e muitos outros.

Inovação


Este ano, como um gosto especial, afinal comemora-se 50 anos de espetáculo, a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém inovou em cenas e em seus atores. Houve, de certa forma a inclusão de artistas que não começaram sua carreira inicialmente no teatro, mas que atualmente têm o sucesso em crescimento. Como exemplo Jesus Luz (mais conhecido pelo seu trabalho como DJ) e Aline Riscado (conhecida por ser dançarina). Mas claro, merecem total consideração, pois é percebível a busca por um bom trabalho em cena.


Outra novidade foi a chegada grandiosa do Rei Herodes e da Rainha Herodíades numa grande carruagem de 4,8 metros de altura, de ouro, trazida por escravos. Causando um impacto forte e de muito poder. Também houve modificação na sena da chegada de Pilates ao julgamento, destaca-se que no ano anterior a entrada se dava pelo lado esquerdo e neste ano pelo lado direito do cenário.

Elenco


É comum que a cada temporada o elenco da Paixão de Cristo passe por modificações, claro, alguns atores com anos de carreira recebem o convite para trabalhar nesse espetáculo, mas, por motivo maior de agenda, não conseguem participar. O fato é que este ano facilmente se percebe a participação de atores mais novos, novos de idade e novos na profissão. Eles que dificilmente se depararam com o número de público que há. Eles que na entrevista coletiva dizem que ansiedade é grande, que às vezes percebem algum erro e tentam corrigir, que talvez não tenham seguido a dublagem ao pé da letra, mas que sim, se emocionam em fazer o papel que mudará suas vidas. Emocionalmente, religiosamente e profissionalmente.

Aline Riscado – Herodíades


Conhecida pelo seu jeito sensual em sua campanha para uma marca de cerveja, a carioca, de 29 anos, dançarina, desempenhou um trabalho melhor impossível. Ela diz ter feito um trabalho glamouroso e que se sente feliz.

Quando perguntaram sobre o que achava do nordeste, logo respondeu, “Haa, amo as praias! Vou sempre a Recife e amo Fernando de Noronha”.

Rafael Vianna – Heroides

Desempenhando o Rei Herodes mais jovens ator deste personagem, o carioca, de 33 anos, ator desde adolescente, diz que a Paixão de Cristo não é novidade para si, uma vez ter sido convidado, porém não pôde participar, pois estava atuando numa novela.

Joaquim Lopes – Pilatos

Atualmente apresentador do Vídeo Show, Joaquim, paulistano, 36 anos, considera o teatro sua casa, onde faz se sente à vontade. Sobre sua experiência na Paixão de Cristo ele destaca: “A cidade teatro é muito gigante, o lugar é lindo demais”.

Adriana Birolli – Madalena

 


Atriz desde criança, curitibana, 30 anos, desempenhou o papel de Madalena que, em sua opinião tem inúmeras controversas. “Não se sabe exatamente o que aconteceu com ela. São muitas as versões. Mas temos que respeitar a visão dos diretores. Eu respeito muito.”

Leticia Birkheuer – Maria

Com sua brilhante carreira de modelo internacional, atualmente se dedica a vida de atriz, aos 37 anos e pela primeira vez na Paixão de Cristo, Leticia se emociona todo estante. “Você chega aqui tem uma coisa completamente diferente do que imaginava que ser.” Com uma emoção transparente nas cenas, ela diz que nunca passou por alguma situação de desespero com seu filho, de dor extrema, mas que tenta sentir essa dor durante o espetáculo. “Uma dor que clama, por favor, faz comigo, mas não com meu filho”.

Jesus Luz – João


O Jovem carioca de 29 anos, mas com semelhança de 20, desempenhou um brilhante trabalho como João. Diz nunca ter vivido experiência parecida, mas ter se dedicado ao máximo para esse trabalho. “Minha mãe me ajudou! Acompanhou-me durante as gravações.”

Rômulo Arantes Neto – Jesus


Carioca, 29 anos, ator e modelo. Desempenhou papéis de destaque na TV e no cinema desde 2007 quando fez malhação e hoje se dedica totalmente ao espetáculo. Quando questionado qual é a sensação de fazer este trabalho ele responde “se sentir muito orgulhoso e emocionado por interpretar esse grande ser que foi Jesus”.

Também destaca tentar fazer o melhor possível, melhorando a cada dia, controlando suas vibrações e focado completamente em si.

Os Figurantes


Também merece respeito todos os figurantes que fazem da Paixão de Cristo esse espetáculo tão admirável e respeitável em todo o Brasil e no mundo. Sem o trabalho deles, dos artistas locais e de todos que estão por trás nada seria tão mágico.


De fato é um espetáculo incrível. Vale muito a pena pelo menos conhecer, em um único dia durante a temporada. Dispor-se a história mais inspiradora de todos os tempos. No maior Teatro ao ar livre do mundo – ali estão pessoas motivadas pela fé e pela admiração ao que é representado, talvez de diferentes religiões, mais verdadeiramente, movidas pelo amor de um ser que provou amar o próximo. E que o amor pode mudar o mundo e salvar a humanidade. Cada ida àquele lugar representara renovação do que um homem em sua passagem na terra deixou de lição pra toda humanidade. O respeito ao próximo; a dignidade humana; a ética; a viver livre de qualquer mazela que possa provocar dor e sofrimento. Valer a sensibilidade de ouvir a mesma história há anos é transmitir o exemplo deste SER – Jesus Cristo.

 

Por Gleyton Araújo
Fotos: Paula Maestrali