São João e Xangô celebrados em mostra gastronômica na Praça do Arsenal




A 8ª Exposição Culinária Afro-brasileira no Ciclo Junino acontece nesta quinta-feira (19), a partir das 18h, no Arraial Compositor João Silva, no Pátio de São Pedro. Serão 10 mestres da tradição africana expondo suas culinárias devotivas à Xangô e a mostra encera com apresentação do Afoxé Omim Sabá, que sobe no palco às 22h. A iniciativa, apoiada pela Prefeitura do Recife, traz como tema este ano Tem Dendê na Panela. A ideia da mostra é apresentar ao público a culinária de terreiro dedicada a Xangô, orixá comemorado pela religião africana no mês de junho. A exposição festeja também o sincretismo e a forte diversidade cultural, trazendo os alimentos típicos de milho do ciclo junino.

 


Dos sabores da divindade, sempre temperados com azeite de dendê e pimenta malagueta, o gbègiri será uma das iguarias que poderá ser degustada. O quitute é uma espécie de ensopado feito com rabada, camarão e quiabo. A novidade este ano é que também serão servidos os alimentos que as esposas de Xangô preparavam para alimentar o orixá. De Oyá, terá o akará, bolinho de feijão fradinho, mais conhecido por compor a base do acarajé, de Obá, o latapá, um pirão de peixe e camarão, e de Oxum, o Ipeté, preparado com inhame, dendê, cebola, camarão e gengibre.

Do que é servido às mesas para o São João do Nordeste, poderão ser degustados manjares como canjica, pé de moleque, munguzá, milho assado e bolo de milho. No Ciclo Junino, enquanto os católicos comemoram São João, protetor dos casados e dos enfermos, a religião africana celebra Xangô, divindade do Trovão e da Justiça. Para além do período coincidente, os dois costumes compartilham semelhanças que se mostram no festejo, no fogo e na farta culinária dedicada a cada tradição, tendo no milho e no quiabo seus principais ingredientes.

A mostra, que também procura desmistificar os rituais e costumes da cultura de Matriz Africana, terá outros elementos que ensinarão ao público sobre a religião afro-brasileira, como a exibição de artesanatos, adereços e vestimentas usados nos rituais litúrgicos, bem como a execução de cantos e toques religiosos.


De acordo com a coordenadora da exposição, Ialorixá Elza de Yemoja, a ideia é aproveitar o período de festejo para falar do respeito entre as religiões: “A nossa intenção primeira é promover essa grande confraternização dos sabores do ciclo junino e do candomblé, porque buscamos a cultura de paz, buscamos expor a cultura negra para que todo mundo entenda que esse dendê que ele come e saboreia na culinária brasileira tem uma origem e um significado. As pessoas precisam conhecer desse sabor para quebrar com o preconceito, para que as pessoas conheçam de fato a cultura de matriz africana”.

Programação:
18h – Início da Exposição com cânticos a Exú e início da degustação
18h30 – Continuação do Xirê (cânticos sagrados para os orixás)
21h – Celebração (roda) à Xangô – homenageado da Festa;
22h – Afoxé Omim Sabá

 



Receitas

Akará – O prato é considerado o pão africano. A massa é feita com feijão fradinho batido e temperada com cebola, sal e camarão seco. Preparam-se bolinhos, que são fritos no azeite de dendê.

Gbègiri – Comida mais apreciada por Xangô. Refoga-se a carne bovina, peito e rabada, temperada com sal, cebola e cebolinha. Quando a carne estiver refogada, junta-se o quiabo picado e, se necessário, deve ser acrescentado um pouco de água. Depois que a carne estiver cozida, acrescenta-se camarão, castanhas inteiras, amendoim triturado, gengibre pilado, gergelim e, se desejar, pimenta. Quando o ensopado estiver bem espesso, é o ponto de desligar. Essa comida é servida na hora que sai do fogo. Xangô come pratos quentes, servidos em tigelas de madeira, as gamelas.

Fotos: Andréa Rêgo Barros/PCR
*com informações da assessoria