As imagens de pessoas usando máscaras no queixo ou penduradas apenas em uma das orelhas revelam que nem todos já adquiriram consciência sobre a importância do uso deste acessório para conter a contaminação do Covid-19. Neste sentido, cabe aos interlocutores destas pessoas adotarem medidas de segurança ao se relacionar com elas. Mas como fazer isso se quem estiver prestes a conversar com esses maus exemplos for um deficiente visual?
Felizmente, a solução para este público está em fase de desenvolvimento no centro de inovação CESAR, localizado no Porto Digital de Recife, uma referência em transformação digital do país. Trata-se de um projeto revolucionário de óculos especiais voltados à detecção facial. Ele identifica se os interlocutores do usuário estão usando máscaras e cumprindo o distanciamento social.
A ideia teve origem na série de óculos tecnológicos idealizados pelo mestrando da CESAR School, Sandro Mesquita (38). Profissional das áreas de robótica e da automação, Mesquita, que tem sua carreira pontuada por invenções que facilitam a vida de deficientes visuais, ingressou em setembro de 2019 como aluno do Mestrado Profissional da instituição.
Os óculos, que atendem as exigências de prevenção das autoridades para evitar o contágio da pandemia do Covid 19, foram projetados com alta tecnologia de câmeras e placas. “Usamos uma câmera que está embarcada em uma placa chamada ESPCam. Trata-se de uma pequena placa, responsável por capturar as imagens que é fixa nos óculos e envia imagens via wi-fi para outra placa chamada de Raspberry Pi 4, localizada na cintura do deficiente. Essa segunda placa é responsável por todo o tratamento e processamento da imagem. Por áudio, o deficiente é alertado que está diante de alguém sem máscara”, descreve Mesquita. O sistema também dispara alertas no caso da aproximação indevida de pessoas que não estão cumprindo o distanciamento social.
Eduardo Peixoto Chief Design Officer do CESAR afirma que este tipo de solução é mais um importante exemplo de como a pandemia acelerou projetos de transformação digital em todas as áreas da sociedade. “Essas aplicações que neste momento são focadas na área da saúde não desaparecerão e podem ser usadas em outros contextos relacionados à segurança, por exemplo. Como referência no estudo da transformação digital em todos os seus aspectos, o CESAR tem disponibilizado toda a sua estrutura e incentivado de todas as formas não só a criação, mas também o desenvolvimento e viabilização comercial de várias iniciativas com esta característica”, diz.
A ideia do desenvolvimento dos óculos, que atende as regras de prevenção do contágio do Covid 19, teve a chancela do professor do mestrado da CESAR School, Victor Hazin da Rocha. “Tive auxílio dele para idealizar a invenção. Foi assim que surgiu a ideia de óculos que alertassem sobre o uso de máscaras e denunciassem a falta de respeito com o distanciamento social”, diz Mesquita.
Segundo ele, testes indicaram que a invenção atingiu uma alta taxa de acurácia (nível de precisão de acertos) de 95%. “Esse índice demonstra que os óculos identificam com grande precisão se a pessoa à frente do deficiente visual está usando máscara”, atesta Mesquita.
O pesquisador participa anualmente de eventos internacionais a convite de organizadores, e especialistas entusiastas de suas invenções. Ele também projetou óculos de reconhecimento facial com o objetivo de auxiliar deficientes na locomoção, garantindo mais segurança e independência aos usuários.
As invenções de Mesquita têm por trás um nobre objetivo que nasceu quando ele decidiu facilitar a vida de deficientes visuais, inspirado por uma pessoa próxima. “Essa pessoa trabalha em um salão de beleza e disse certa vez que seria ótimo poder identificar o cliente e chamá-lo pelo nome. Esse episódio me levou a ter a primeira ideia para óculos com reconhecimento facial”.
Quanto ao projeto dos óculos que alertam os usuários sobre possíveis ameaças do Covid-19 , Mesquita não tem dúvidas de qual caminho seguir para facilitar os deficientes visuais. “O nosso objetivo está no conceito de custo mínimo. Vamos encaminhar a invenção para o governo, para que possa ser produzido com propósito social”.
*Via Assessoria