Estesia lança clipe gravado em isolamento e experimento individual inspirados pela quarentena

Ações simultâneas e complementares buscam aproximação com o público O grupo pernambucano Estesia lança nesta terça-feira o single “Se você quiser” e o experimento visual, sonoro e sensorial “Estesia 1pra1”, ações complementares inspiradas pelo momento de distanciamento social imposto pela pandemia da Covid-19. Conhecido por questionar os formatos tradicionais de apresentações musicais, o grupo formado por Carlos
Filho, Cleison Ramos, Miguel Mendes e Tom BC reconfigura espaços, linguagens e sentimentos nas apresentações desde 2016 em shows interativos e imersivos. Agora, adentra as casas com um roteiro pensado para explorar os sentidos.

A música chegou às plataformas digitais à meia-noite desta terça-feira (30 de junho) e o clipe será publicado no canal do grupo no YouTube às 20h. Produzido durante a quarentena, o vídeo concebido, dirigido, captado e editado por Nara Uchoa reproduz sensações impostas pela condição de solitude necessária diante da crise sanitária. “Eu quis compartilhar o que estava sentindo. Retratar o olhar da janela e como a gente consegue ver beleza na solidão, buscar alegria e fazer com que a rotina seja mais calma”, conta Nara. Ela mora com duas amigas, mas alugou um apartamento para cumprir isolamento por suspeita – não confirmada – de estar com Covid-19.

O processo de concepção, gravação e edição durou 20 dias, durante os quais se dedicou integralmente ao clipe. “Foi tudo muito intenso e verdadeiro. Fiz várias imagens, vários testes. Passei o tempo inteiro buscando uma narrativa poética dentro do que estava sentindo. Acordava reflexiva, dormia com a câmera e registrava todos os momentos importantes”, recorda ela, que é arquiteta. O resultado são cenas que proporcionam
acolhimento e calmaria, tão necessários atualmente.

O “Estesia 1pra1” é um convite para adentrar o processo criativo do quarteto. Através de ligações, mensagens e áudios de WhatsApp, fotos, resgate de e-mail e conversas antigas, eles compartilham com o público memórias sonoras e até inseguranças do grupo. “A gente estava bem reticente com relação às lives, porque nossos shows sempre foram muito imersivos. Neste experimento, a gente parte do particular para sensações universais – de medo, insegurança, a dúvida de lançar ou não, de ter concluído ou não – pelas quais todos
passam na vida”, conta Tomás Brandão.

Se, nos espetáculos, o Estesia é marcado por uma proximidade entre músicos, performers, convidados e o público, no “Estesia 1pra1” a conexão é alicerçada em recursos tecnológicos que criam no espectador a sensação de estar em outros lugares, imerso em diferentes ambientes, e, por outro lado, próximo de quem conduz a experiência. Criar pontes para que o público ocupe outros espaços, inclusive de recriadores da própria obra de arte vivida, é o grande fio condutor do roteiro.

Para o espetáculo, o Estesia estruturou um roteiro musical e cênico. A cada ato, usará um
diferente meio de comunicação, como ligações telefônicas, áudios de WhatsApp, músicas
em plataformas de streaming, videochamadas, e-mails, redes sociais e fotos, entre outros.

“Queremos deslocar a experiência artística das limitações dos meios de comunicação específicos e focar na experiência subjetiva dos envolvidos”, diz Miguel Mendes. O objetivo do formato é criar um contato possível no teatro e irreprodutível nas lives de música habituais. A ideia é se apropriar de redes de comunicação massivas para criar conexões e laços humanos momentâneos mais próximos, uma experiência de “um pra um” que proporcione uma experiência artística particular e individual para cada espectador. Os próprios integrantes do Estesia conduzirão a experiência individual, tentando traçar uma narrativa significativa e que passe pela experiência individual.

A tecnologia, por um lado acusada por gerar distanciamento em relações interpessoais, se torna uma grande aliada no “Estesia 1pra1”, projeto inspirado por “Tudo que Coube numa VHS: Experimento sensorial em confinamento”, do grupo de teatro conterrâneo Magiluth, parceiro que já participou como convidado de temporadas do Estesia. As cenas exploram ferramentas modernas que criam sensações de espacialidade, como o som binaural, que combina o estímulo visual com o auditivo e propicia um nível de imersão maior na cena, além de vídeos imersivos em 360º inéditos do espetáculo presencial.

As tecnologias de imersão são a marca das apresentações presenciais do Estesia. Carlos, Cleison, Miguel e Tom unem luz e som desde a fundação. Através da experiência individual, o grupo propõe uma reinvenção da forma de viver – e participar de – um show de música não presencial, com conteúdos exclusivos desenhados para o confinamento.

ESTESIA
“Estesia” é um estado de mobilização sensorial do corpo para perceber as coisas que nos cercam. Esta ferramenta poderosa da experiência humana, entretanto, não é assunto de debate na vida cotidiana. A palavra "estesia" está presente em quase todas as línguas de origem latina, porém o uso mais comum é com um radical negativo, "an-estesia". Os processos de consumo de cultura de massa tratam o espectador como "público-alvo", tentando limitar a percepção do receptor ao que foi concebido e disponibilizado pelo autor. Vive-se uma vida de experiências sensoriais "anestesiadas", uma vez que estas, regra geral, não tratam o processo artístico como uma vivência solidária com o público. Afirmar a importância da palavra "estesia" no cotidiano é defender espaços de polissemia, ambientes em que a obra está aberta para interpretação e reinvenção coletiva. O grupo tenta construir
essas pontes de comunicação possíveis em que o público não é apenas ouvinte passivo.

SERVIÇO
“Estesia 1pra1”
Quando: A partir de 2 de julho, pela internet
Quanto: R$ 20
Informações e agendamentos: www.instagram.com/estesiestesia e WhatsApp (98867-2702)

*Via Assessoria