Coronavírus e seus impactos

Um vírus desconhecido pela ciência até bem pouco tempo vem causando uma doença pulmonar grave pelo mundo. Milhares de pessoas já morreram em decorrência do novo Coronavírus, que surgiu em dezembro do ano passado na cidade chinesa de Wuhan.

Desde o dia 26 de fevereiro, quando foi confirmado o primeiro caso de Covid-19 no Brasil, foram colocadas em prática uma série de medidas para restringir a circulação de pessoas, com intuito de conter a pandemia, mas ainda teremos um período de pico da doença pela frente. Para falar mais sobre o novo Coronavírus e seus impactos na sociedade, conversamos com a fisioterapeuta Madalena Aureliano, da Clínica FisioSerra.

Reportagem – Madalena, o Brasil apresentou mais de quatro mil e setecentos casos, com 169 mortes, até o momento. Pegando como base o que aconteceu nos outros países e o sistema de saúde do país, o que podemos esperar?

Madalena – É uma grande incógnita o que vai acontecer daqui pra frente. Então, se a gente tomar como exemplo os países da Europa, a gente já sabe o que vai acontecer, no entanto, o Brasil, eu vou classificar como sorte. O Brasil tem sorte, porque é um dos últimos lugares que esse vírus chega, o que dá pra gente uma dianteira, o que dá tempo da gente se preparar pra ele. Então acreditando nas autoridades sanitárias, e fazendo o isolamento social recomendado, eu estou bem otimista de que a gente não tenha um caos instalado na nossa saúde e que a gente não tenha um número de mortes tão grande, como a gente viu nos países da Europa, principalmente na Itália, e como a gente viu nesses últimos dias, nos Estados Unidos. 

R – Você acredita que as medidas adotadas pelas autoridades locais, falando especificamente de Pernambuco e Serra Talhada, podem de fato contribuir para que o contágio seja minimizado, ou apenas estamos adiando o inevitável?

M – Acredito sim. Pernambuco e Serra Talhada têm feito o dever de casa, tanto o governador, quanto o prefeito têm agido exatamente como precisam agir. Ouvindo a ciência, ouvindo o que manda as autoridades e fazendo esse isolamento social, essa orientação para que o comércio feche, pra que as escolas fechem, pra que as igrejas fechem e que só funcione, de fato, o que gente chama de serviço essencial. Então é esse isolamento social, preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e acho sim que isso vai ser bem impactante, quando a gente for ver os números e avaliar o que essa pandemia vai deixar de rastro aqui na nossa região.

R – Não bastasse todo o pavor com relação à Covid-19, que tem feito empresas fecharem suas portas e funcionários já perderem seus trabalhos, a região do Pajeú sofreu, ainda, grandes alagamentos recentemente. Nesse momento, enquanto profissional de saúde, qual medida as autoridades devem tomar para acalmar a população e minimizar os prejuízos?

M – O governo deve se posicionar do ponto de vista econômico. O governo precisa garantir, por exemplo, uma renda mínima. O governo precisa apoiar os comerciantes, as empresas, para que as pessoas não percam seus empregos. Então, a gente tem esse período já, tão difícil, e ainda passamos pelos alagamentos, que particularmente Serra Talhada passou, então as perdas passam a ser bem maiores. E o que é que a gente precisa? Que o governo se posicione e garanta essa economia. Que o impacto seja minimizado, porque essa frase todo mundo tá dizendo, mas ela é real: “vida que se a gente perder não volta atrás, economia a gente recupera”, principalmente com ações do governo. Então, a gente vê os Estados Unidos investirem trilhões na economia, uma coisa nunca vista antes num país como aquele. Então, o que a gente precisa é que o governo federal tome as medidas que precisa tomar, fazendo com que o governo estadual e o governo municipal consigam sobreviver e passar por tudo isso que a gente vem passando. 

R – Acompanhando as redes sociais, observamos vídeos com várias pessoas enfrentando as águas das enchentes para recuperar seus objetos, e outros fazendo brincadeiras da situação. Essas pessoas correm riscos de adquirir quais outras doenças que podem superlotar ainda mais a rede de saúde, além da Covid-19?

M – Isso é uma preocupação muito grande das autoridades sanitárias. É histórico isso. Pessoas que se expõe nessas águas, principalmente nas primeiras águas, elas podem pegar doenças, como leptospirose, e outras viroses e infecções, porque essas águas estão muito contaminadas. Além do mais, não é momento de brincadeira, é o que eu chamo de inocência, sem senso nenhum. As pessoas que brincam com um momento como esse que passa a economia. Então, há sim um grande risco que as pessoas correm ao entrar em contato com essas águas, ao ficarem molhadas por muito tempo, o organismo tem todo um gasto energético para recuperar essa temperatura corporal, podendo levar a quadros virais e a outras infecções respiratórias, em decorrência dessa exposição, pra alguns necessárias, porque estavam salvando suas coisas, e para outras pessoas, puramente festiva e numa hora e num momento inadequado.

R – Em sua opinião, qual cenário nos espera após o novo Coronavírus?

M – Acho que o pós-corona vai trazer grandes transformações. Foi preciso um vírus pra gente reaprender, ressignificar muitas coisas. Estamos em isolamento social reaprendendo a viver em casa, reaprendendo a ter novos hábitos, e eu espero que a gente tire disso ensinamentos. Que esses ensinamentos e valores nos modifiquem, que a gente consiga olhar para o que, de fato, tem valor, que é a família, que são as pessoas, que são esses momentos que a gente está conseguindo, meio que na força, viver, e que a sociedade reaprenda. Valorize mais as pessoas, que a economia, o comércio, veja que de fato o que move o trabalho são as pessoas, o que move a economia é o trabalho e o trabalho é feito por essas pessoas. Eu acredito, sim, num mundo reinventado e uma sociedade reinventada após a pandemia de Covid-19.

R – Como as pessoas podem se prevenir da Covid-19? Qual a diferença do novo coronavírus para outras doenças respiratórias, e quando as pessoas devem procurar uma Unidade de Saúde?

M – Infelizmente, a gente não tem a cultura da prevenção, é uma coisa da nossa sociedade, um outro hábito que a gente não tem é o da higiene sanitária. Quantos de nós não vai trabalhar gripado, por exemplo. E a gente hoje está vendo o risco que isso corre. Só que não existia a Covid-19, então é um vírus novo, de comportamento novo, que vem ensinar como a gente deve se comportar, e está todo mundo, após descobrir a forma que se pega, se prevenindo da forma ideal, e a prevenção ideal é evitar o contato com a pessoa contaminada. Mas como me prevenir da pessoa contaminada se ela está assintomática e o acesso aos testes não estão disponíveis? Por isso a necessidade do isolamento social. Quem está precisando sair pra trabalhar, ao chegar em casa retira toda aquela roupa que foi pra rua, deixa o sapato numa área que a gente chama de “área suja”, higieniza chaves, telefones, óculos, e inicia o hábito de lavar as mãos com água e sabão. O álcool em gel é para quando você não tem acesso a água e sabão. E aí para não correr o risco de você levar essa mão suja para a boca, olho e rosto, você usa esse álcool.

A fisioterapeuta alertou ainda sobre os principais sintomas e quando você deve procurar um médico. “O principal sintoma e o quadro clínico que mais chama atenção é a questão do cansaço. Aquele paciente que termina um banho e está cansado, vai vestir uma roupa e está cansado, então ele tem sinais de um resfriado, que teoricamente começa comum, mas ele rapidamente percebe que esse resfriado está diferente. Então esse paciente que apresenta sintomas de infecção respiratória e apresenta esse cansaço, ele deve, imediatamente, procurar um serviço de saúde. Se você tem os sintomas leves, sem o cansaço, você fica em isolamento por completo. Evitando contato com as pessoas da casa, pra que não contamine essas pessoas, esse paciente vai curar em casa”.

*Via Assessoria