Tô Ryca

 

Tô Ryca! Um tanto pobre!

O cinema comercial brasileiro se restringe praticamente a comédias clichês que se resumem a um mesmo contexto; um pobre que fica rico e antes do final da história, o suspense se o dito cujo vai voltar para a pobreza ou não. Assim foi nos Até que a Sorte nos Separe 1, 2 e 3, O Suburbano Sortudo, e agora o Tô Ryca!


O filme Tô Ryca! é estrelado pela engraçadíssima Samantha Schmutz, que é quase a única responsável pelas gargalhadas que a história proporciona. Katiuscia Canoro, a famosa Lady Kate, do Zorra Total, humorístico da Rede Globo, deveria co-dividir a risadagem com Samantha, mas a parceria não teve química, ao contrário, teve uma atuação extremamente apática de Katiuscia, e o duro trabalho em proporcionar o qui, qui, qui, ca, ca, ca, restringiu-se a Samantha, que como protagonista segurou a onda de boa. As participações de Fabiana Karla, Marcelo Adnet e Marcus Majella deram um tempero a mais na boba história, mas também nos deparamos com o magnífico Mauro Mendonça, como um advogado corrupto, e a deslumbre aparição meteórica da saudosa e inesquecível Marília Pêra, em uma das cenas, trouxe um ar de que o filme não é tão abestalhado assim.

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Na história a frentista Selminha “revolts”, mal-humorada, abusada, petulante, vivida por Samantha, descobre que é a única herdeira de uma herança milionária, deixada por um tio decrépito, também vivido por ela, mas que para estar apta a receber a fortuna, teria que participar de um desafio que é gastar trinta milhões em trinta dias, porém com regras um tanto rígidas, sendo uma delas; não poder gastar com compras materiais para si mesma. Ou seja, literalmente a ex-frentista e pseudo-milionária se vira nos trinta para botar a mão na bufunfa. Isto, compartilhado pela também frentista Luane e melhor amiga de Selminha, vivida por Katiuscia, que fica num vai e vem de um melodrama bem “mexicano” com o mecânico Nico, vivido por Anderson Di Rizzi. A impressão que se tem é que a eterna Lady Kate não estava com tesão em fazer o filme, o “sem gracismo” é gritante. Uma pena! Já que no Zorra Total, ela mandava muito bem.


Para este gênero que em breve estará saturado, com fé em Dio Santo, o Tô Ryca! é capaz de despertar o micróbio do riso, haja vista que Samantha Schmutz abusa dos cacoetes típicos dela, sem ficarem exagerados, e isto é mérito do seu multifacetado talento artístico.

Por Rodrigo Magalhães