O status do namoro

 


Cadê o romantismo? Ele morreu? Estas perguntas muitos fazem nos dias de hoje. Seja em um relacionamento hetero ou homoafetivo, a superficialidade é a base do negócio. Antigamente, a coisa era muito diferente. A evolução no processo do namoro é interessante, e é claro bem previsível, pois acompanha a tecnologia da informação, né?


Nos primórdios do século XX, o romantismo era a normalidade dos namoros. Em uma época que não existia televisão, e as pessoas se criavam segundo as histórias de vovós, e por conseguinte, as regras de painho e mainha, o desenrolar das coisas era super lento, porém profundo. Na verdade, namoro, noivado e casamento, eram patrimônios das famílias. Era quase um processo comercial, uma troca de favores e de conveniências, mas “tinha ordem no cartório”. As pessoas respeitavam a autoridade dos pais. O rapaz pedia permissão para namorar a moça, e se houvesse o consentimento, era mãos dadas, sentados no terraço de casa, e sob vigilância normalmente do irmãozinho. Na íntegra, existia ingenuidade, respeito, boa fé.


Com o advento da televisão, na década de cinquenta, os relacionamentos avançaram. Mas, mesmo assim, as regras dos papais ainda eram importantes. A partir da década de 70, movimento hippie, festival de Woodstock e tal, “a merda começou a virar boné”, pois os namoros eram praticamente “um lupanar”. Nos oitenta e pouco, veio o vírus HIV atestar que a galera deveria dá uma maneirada “nas trepanças” desgovernadas, o que foi uma tragédia, não para a promiscuidade em si, mas para o ser humano, pessoas passaram a morrerem quase em série. A televisão já detinha um poder incomensurável e perigoso.


Mas, e hoje em dia, no século XXI? No popular é mais ou menos assim; a pessoa acorda ao lado da outra pessoa e diz: “Bom dia amor da minha vida! Como é teu nome mesmo?”. “É por aí que a banda está tocando”. Hoje, a tecnologia da informação atingiu um patamar ultra, mega, “sei que lá”, e isto por si só, já pode dizer como é que estão as coisas. As Redes Sociais são o mecanismo mais avançado que poderíamos cogitar no passado. No celular, as pessoas se conectam com o mundo, paqueram, namoram, só não fazem sexo ainda, porque ainda é indispensável o corpo a corpo, mas gozar pode. Já podia faz é tempo com o telesexo, no telefone fixo. O triste da atual conjuntura do namoro é a completa falta de investimento nas relações. Isto, sinaliza a superficialidade, a falsidade, o desrespeito entre as pessoas. Se eu me deparo com um defeito do meu namorado ou namorada, porque vou quebrar a cabeça, se posso arrumar outro ou outra numa velocidade “supimpa”? Não se investe em relacionamentos, por isso que casamentos são desfeitos em questão de dias, imagine namoros. Quem nunca viu, numa mesa de bar, o rapaz de cabeça baixa no celular, e a moça idem? Isto é normal, apesar que não deveria ser. Cadê o olho no olho, minha gente? Não é porque namorar ficou mais fácil e gostoso que deveremos sucumbir ao vazio que isto pode causar, se formos rasos. Namorar não precisa virar uma esculhambação. Sejamos inteligentes e vamos aproveitar as tecnologias para aprofundar as relações, ou é melhor “pedir pra cagar e sair”.

Por Rodrigo de Magalhães