Está em cartaz na Galeria Janete Costa, localizada no Parque Dona Lindu, a exposição “Amor e Solidariedade”, de Abelardo da Hora.
A mostra, que segue em cartaz até o dia 30 de junho, tem entrada gratuita e reúne 130 desenhos, pinturas e esculturas do artista, como a escultura “Hiroshima”, que retrata o horror das bombas nucleares, e os desenhos da série “Meninos do Recife”; mas a grande atração da exposição, sem dúvida, foi o próprio Abelardo da Hora. Sentado em meio às suas obras, o artista recebeu o público que visitava a mostra e fazia questão de conversar sobre os mais variados assuntos, desde as suas obras e a família até as incursões na política, incluindo a prisão durante o Golpe de 1964.
Segundo o criador, a ideia fundamental da exposição foi mostrar os dois lados da vida: “Na parte da solidariedade, procurei expor uma série de trabalhos que havia feito, exaltando a criatividade popular e os protestos contra as injustiças sociais. A parte que eu chamo de amor é dedicada às mulheres, que são a coisa mais importante da vida: sem elas, não existiríamos”. Ainda sobre a exposição, as obras passadas já não o inquietam: “Eu prefiro fazer a (idéia) que está na minha cabeça ainda. Faço um estudo primeiro, e depois começo a fazer; aliás, já tenho umas três ou quatro maquetes, que já começo a fazer logo”.
Ele se emocionou ao falar sobre o convite para fazer as esculturas situadas no Parque Dona Lindu, principalmente a “Memorial aos retirantes”, que retrata a mãe de Lula e os filhos durante a viagem para São Paulo. “Foi um convite maravilhoso que recebi do ex-prefeito João Paulo. Eu fiz aquele monumento para a família do (ex-presidente) Lula, e ele veio inaugurar junto com todos os irmãos. Ele fez um discurso onde falou sobre a importância da minha escultura, como a revelação de uma pessoa que tem sensibilidade de ver o drama que realmente ocorreu com ele e os familiares.” Ele contou alguns detalhes sobre a criação da escultura. “(Segundo Lula), a mãe não iria querer que o pai aparecesse nesse tipo de homenagem, já que, quando a família chegou em São Paulo, o pai tinha ‘arribado’ – abandonado a família”.
Para o futuro, ele não pestanejou: “Meu filho, eu vou continuar trabalhando (risos). Eu tenho recebido convites para levar essa exposição para o exterior, nós já recebemos da Itália, da Suíça e da França, bem como do Consulado do Japão para expor a peça ‘Hiroshima’”. E, usando o convite como gancho, voltou às suas histórias: “Eu fiz (a peça ‘Hiroshima’) protestando contra a estupidez dos americanos em jogar uma bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. Depois disso, fui preso umas 30 vezes protestando contra as armas nucleares”, completou, com um sorriso no rosto de 86 anos.
Fotos: Rodrigo Mesquita
Serviço
Exposição “Amor e Solidariedade”, de Abelardo da Hora
Em cartaz até 30 de junho na Galeria Janete Costa
Horário de Visitação: de terça-feira a domingo, das 10h às 20h
Endereço: Parque Dona Lindu, Praia de Boa Viagem, Recife
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