Entrevista: Outros Críticos

                                                                                               Comunicação e democratização da mesma

 O blog Outros Críticos está bombando em acessos. Vários ícones da música pernambucana já foram entrevistados pelos criadores desse “site” mais completo e recheado de cibercultura de Pernambuco.  Criado por Júlio Rennó e Amélie Marie,Outros Críticos divulga bandas conhecidas ou reconhecidas, porém essa dupla responsável pelo conteúdo publicado no endereço eletrônico, não existe, nunca existiu. 

                                                                                               Comunicação e democratização da mesma

 O blog Outros Críticos está bombando em acessos. Vários ícones da música pernambucana já foram entrevistados pelos criadores desse “site” mais completo e recheado de cibercultura de Pernambuco.  Criado por Júlio Rennó e Amélie Marie,Outros Críticos divulga bandas conhecidas ou reconhecidas, porém essa dupla responsável pelo conteúdo publicado no endereço eletrônico, não existe, nunca existiu. 

 

Na verdade Júlio Rennó e Amélie Marie são os heterônimos que faz parte da criação de Carlos Gomes e Fernanda Maia. São poetas e desde que se conheceram na faculdade de letras começaram a criar e produzir juntos. Já estão em processo de finalização de um livro de contos ilustrados e saem da linha “certinhos” quando se dedicam a própria banda.

 

Carlos Gomes toca violão, gaita, compõe e canta. Fernanda maia também faz o mesmo. Carlos compõe em inglês e português, Fernanda compõe em francês e espanhol. Parceiros no trabalho, na música e no amor. Uma sintonia que dá certo, uma criatividade que vale por dois e pelos dois.

CLICK REC – Quando começou essa vontade de invadir a internet com entrevistas e produções de vários artistas? Por que fazer um blog?

CARLOS GOMES: Eu escrevi um livro de poemas e iria publicar na internet, então, tive a ideia de inventar uma entrevista comigo mesmo, criei Júlio Rennó e os outros heterônimos para entrevistar Carlos Gomes e falar sobre o livro de poesia. Fiz a entrevista de brincadeira, e acabei percebendo que as pessoas não entenderam que se tratava de uma entrevista criada, pensaram que era tudo real, que aquelas pessoas existiam no plano físico; mas não, era tudo invenção minha. Gostei do gosto da conversa sobre arte. Decidi assumir mais profundamente Júlio Rennó, e comecei a fazer entrevistas com o pessoal ligado à música… Depois de algum tempo eu conheci Fernanda, inventamos Amélie Marie e criamos o nome Outros Críticos, até então se chamava Marco Zero Paralelo.

 

FERNANDA MAIA: O blog foi criado de forma despretensiosa, mas com o correr do tempo vimos a importância de termos um espaço para expor ideias e trabalhos artísticos que acreditamos, ou seja, mostrar trabalhos de artistas que nos provocam de alguma maneira. O Outros Críticos permite um trânsito da arte livre.

 

CLICK REC – Com a não obrigatoriedade do diploma para exercer o jornalismo, vocês acreditam fazer notícia?

 

FERNANDA MAIA: A não obrigatoriedade do diploma não influenciou em nada em nossa criação, como vemos o blog como um meio de expor a nossa arte, e de outras pessoas, através dos heterônimos, o jornalismo acaba sendo o que mais se aproxima com o que fazemos no blog, apesar de não sermos jornalistas. Na nossa concepção não fazemos “notícia”.

 

CLICK REC – Como funciona umBootleg? O que vocês estão preparando para os Bootlegs?

CARLOS GOMES: O Bootleg’09 é uma coletânea de gravações que estamos organizando, enviamos convites a vários artistas que entrevistamos, e estendemos esse convite a outros. OsBootlegs são gravações que ficaram fora da seleção final de um álbum, sãotakes alternativos, gravações de voz e violão, coisas desse tipo.

FERNANDA MAIA: Essa ideia dobootleg surgiu a partir da ideia de João Gustavo, um músico jovem do Rio Grande do Sul, que nos enviou um e-mail propondo pesquisarmos artistas novos que possuem gravações caseiras disponíveis no myspace, e lançá-los em uma coletânea. Estamos preparando essas duas coletâneas, a Bootleg’09 (que está previsto para sair em Dezembro) e a coletânea de artistas desconhecidos, em que estamos em fase de pesquisa e sem previsão de lançamento.

 

 

CLICK REC – Sobre o que se trata o livro Primeiras Estórias: Jack fareja, Fellini sonha e Ninguém escreve? Como surgiu essa inspiração de escrever sobre o tema?

 

CARLOS GOMES: No ano passado eu escrevi o conto “Jack é um cão ou um homem?” e depois de um tempo Fernanda escreveu dois contos: “Fellini e o seu trágico sonho” e “Rato e Ninguém”; esses três contos deram origem ao subtítulo do livro e são o corpo conceitual da obra. Ao mesmo tempo em que escrevíamos, e sob algumas influências (Antoine de Saint-Exupéry, Tim Burton e Arnaldo Antunes), nós começamos a criar as ilustrações do livro. Não há um tema específico para o livro, a estória de “Jack” que deu o pontapé inicial tem características de fábula e de literatura fantástica, à época eu lia José Saramago e Alberto García Márquez.

 

FERNANDA MAIA: Estamos em fase de finalização do livro, faltando desenhar algumas estórias, depois disso iremos procurar alguma editora para tentarmos uma publicação. Até lá, temos mostrado “O guardador de livros” há algumas pessoas, entre elas, escritores, poetas, amigos e professores nossos… Alguns sites tem publicado nossos contos, como o Portal do Escritor Pernambucano.

 

CLICK REC – A banda AdiósPeta tem canções em Francês, as letras são próprias? A banda é formada só pelos dois? (como vocês se viram pra cantar, tocar e produzir?)

 

 

 

FERNANDA MAIA: As canções da banda, em sua maioria, são autorais. As letras de música em francês e espanhol são compostas por mim (no campo formal e semântico), e por Carlos (no campo semântico). Como eu possuo o conhecimento básico dessas línguas, as letras acabam tendo construções simples.

A banda é composta apenas por nós dois. Na execução das canções Carlos e eu sempre reservamos: ora eu toco o violão de nylon, ora o de aço, ou a escaleta. O único instrumento que não toco é a gaita.

CARLOS GOMES: Estamos sempre ensaiando, e nesse início de banda, a nossa maior preocupação é em tentar achar um jeito próprio de cantar nossas palavras eideias, algo que defina o nosso estilo e jeito de entender e transmitir a nossa música. Estamos apenas no começo, mas as canções estão vindo e acreditamos nas coisas que estamos fazendo. Em breve tentaremos lançar a nossa primeira música, e por enquanto, iremos tocar quando formos convidados. Ainda fato raro.

 

CLICK REC – Como estudantes de Letras e músicos, o que vocês acham dos ritmos mais populares, como o brega?

 

 

 

CARLOS GOMES: Eu não entendi muito bem sua pergunta, já que não é preciso ser estudante de Letras, nem músico ou qualquer outra coisa para pensar sobre ritmos populares. A definição de ‘popular’ é muito confusa hoje em dia, já que há cada vez mais nichos. O ‘brega’, como outros tipos de música, pertencem a um determinado nicho do mercado. O som que se convencionou a chamar de ‘brega’, aqui em Recife, não me interessa, não há nada ali que me instigue ou provoque a ouvir essas canções. Eu não penso se são ritmos mais ou menos populares, como disse antes, não penso na música nesses termos. Gosto muito de uma banda chamada “Cidadão Instigado”, ela tem influência do que era considerado o “brega dos anos 70”, adoro as invenções que eles fazem nos arranjos, utilizando-se de estruturas e ritmos que nos remetem àquelas canções; mas aqui não se trata de cópia, é reinvenção sobre estilos. Camadas de invenções.

 

 

 

FERNANDA MAIA: Definir um estilo musical de alguém é algo bastante complicado, devido a abragência que há dentro de um mesmo tipo de música. Se eu responder que gosto de rock, por exemplo, eu poderia ser classificada de metaleira, emo, ou qualquer outro estilo que tenha o rock como influência. Atualmente, se eu disser que gosto de forró, automaticamente irão associar à “saia rodada” e cia. Eu não sou contra o brega em si, mas contra às pessoas que usam da música para expressar pensamentos “mais do mesmo”, ou que não nos levam a refletir; que fazem canções que expressam baixa ambiguidade e vivem disso. Em sua maioria, as canções “populares”, como o brega e o dito forró estilizado, se encaixam perfeitamente nesses tipos de canções.

 

 

CLICK REC – Click Rec vai seguir Outros Críticos noTwitter, vocês vão nos seguir também (@revistaclickrec)?

CARLOS GOMES: Vamos deixar para Júlio Rennó responder, no Outros Críticos é ele quem utiliza essa ferramenta.

 

JÚLIO RENNÓ: Eu sigo caminhanco contra o vento…

 

CONFIRA O BLOG:

http://outroscriticos.blogspot.com/