Quem já se imaginou, por exemplo, desfilando de meia-calça texturizada no calor infernal da avenida Conde da Boa Vista?
Por Kaline Ferreira
O Recife é uma das cidades mais quentes do país, embora estejamos em pleno outono. Nessa época do ano, moças e rapazes antenados no mundo da moda procuram nas lojas as últimas tendências para o outono/inverno. Tanto nas grifadas, quanto nas lojas de departamento, o que encontramos é a invasão das tendências especificamente sulistas. Meia-calças, ankle boots e até cardigãs de lã vestem os manequins dos principais shoppings pernambucanos, demonstrando um completo disparate com a realidade das cidades nordestinas.
Embora exista o desejo de estarmos sempre por dentro da moda, algumas peças do vestuário europeu nunca serão adequadas para o clima recifense. Quem já se imaginou, por exemplo, desfilando de meia-calça texturizada no calor infernal da avenida Conde da Boa Vista? Mesmo que existam pessoas corajosas para tanto, é preciso ter a consciência que este tipo de visual só atende aos guarda-roupas do sul do país. Aqui no Recife, mesmo naqueles dias que a chuva teima em cair, o calor continua insuportável e até mesmo a velha jaqueta jeans pede arrego.
Para os dias de chuva na capital pernambucana, o que conta na hora de definir o look do dia é o bom senso. Usar uma peça que a gente sente que vai nos incomodar ao longo do dia é patético e inadmissível. Sejamos realistas e vamos admitir que nem mesmo o friozinho do ar-condicionado do escritório é suficiente para que andemos por aí empacotados dos pés à cabeça.
Então, ao menos que sua religião exija que você ande vestido como um monge ou trajando uma burka, a melhor opção é adaptar o que está na moda ao nosso clima abafado. De dia, trocar botas por sapatilhas, casacos por cardigãs de malha e blusas pesadas por camisetas de tecidos mais leves é a solução perfeita. À noite, as moçoilas podem apostar nas sandálias mais pesadas, mas que permitam que os pés respirem.
Já nas cidades mais fresquinhas, com clima mais ameno nessa época do ano, como Gravatá e Garanhuns, é possível arriscar no visual mais dark, mas sem cair na breguice de achar que está desfilando pelas avenidas de Paris.
Bom senso e conforto, acima de tudo, é o que define o que está ou não na moda. Use-o com sabedoria e arrase, sem derreter, no outono-inverno mais quente do Brasil.