Mais que um bolo de noiva

   

De tradição peculiar, com nome e sobrenome, o bolo de noiva pernambucano é expoente nos matrimônios. E não existe casamento – ou qualquer outra festa, sem bolo. E se contrariar essa regra, o festejo certamente estará incompleto.

 

   

De tradição peculiar, com nome e sobrenome, o bolo de noiva pernambucano é expoente nos matrimônios. E não existe casamento – ou qualquer outra festa, sem bolo. E se contrariar essa regra, o festejo certamente estará incompleto.

 

Lá pelos idos 7 mil anos antes de Cristo deu-se início na Palestina um costume bastante disseminado pelo mundo: o de celebrar datas importantes com bolo. Está grafado, inclusive, nas pirâmides do Egito, em suas paredes pintadas com bolos apreciados pelos faraós mortos. Anos depois, os gregos começaram a valorizar a pastelaria. Com eles foram introduzidas novas formas de apresentação e decoração. Também foram eles que levaram essa cultura para os romanos. Criaram-se, a partir de então, muitos novos bolos. O libum, feito com uma libra de farinha, duas libras de queijo e um ovo. O placenta, feito com queijo e mel. E, sobretudo, o confarreatio, servido no confarreo – casamento solene, com dez testemunhas. Eram os primórdios do mais importante dos bolos – o de casamento.

 

 

E não existe casamento – ou qualquer outra festa, sem bolo. E se contrariar essa regra, o festejo certamente estará incompleto. Estamos falando do ponto alto de qualquer comemoração. E, especialmente, nos matrimônios o pernambucano faz questão de ficar até a hora de partir tal acepipe. Afinal de contas, quem resiste a um bolo de noiva pernambucano? Sim, bolo de noiva em Pernambuco tem sobrenome. Os feitos por aqui se diferem dos bolos de noiva do resto do país. A massa é mais escura e molhadinha. A receita é uma herança britânica, que chegou a poucos lugares do Brasil. “Na Inglaterra, era feito com cerejas, que aqui foi substituída por ameixas. Assim como o vinho do porto no lugar do vinho inglês. Com as substituições, foram agregando  passas e frutas cristalizadas a massa ficou ainda mais rica e gostosa e continuou com um sabor  forte”, atesta a culinarista Maria Lectícia Cavalcanti.

Depois de pronto,  todo ele é recoberto artesanalmente com um glacê branco de açúcar. E não com a indefectível – e sem graça, pasta americana. E o ideal é consumir esse bolo um dia após ele ser feito, como leva vinho e outras especiarias na receita, ele tem a propriedade de apurar o sabor com o tempo. Podem até ser congelados durante um ano, e não perdem as suas características. Dizem, inclusive, que fica mais gostoso. Os casais costumam guardá-los e comer um pedaço no primeiro aniversário de casamento. Reza a tradição que dá sorte. Então tá. Superstições à parte, um fato é inexorável, faz muito bem rememorar uma data especial com um bom gosto doce na boca.

 

Por Eduardo Sena – Colunista da Revista Click REC

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