Lançamento de Livro e longa Hercules 56, de Silvio Da-Rin


14 de maio, às 17h, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Rua da Aurora, 265, Boa Vista, Recife-PE)


14 de maio, às 17h, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Rua da Aurora, 265, Boa Vista, Recife-PE)

 


Virgilio Gomes da Silva – De Retirante a Guerrilheiro

O livro dedica-se a recuperar a trajetória pessoal e política de Virgilio Gomes da Silva, cuja biografia transcende sua morte pela sua história em que fez parte das lutas históricas do povo brasileiro contra a miséria e a opressão.

Virgilio começou vencendo a miséria. Retirante, saiu do sertão do Rio Grande do Norte, nos anos 50, para tentar a vida em São Paulo, onde, por meio das lutas sindicais, adquiriu consciência política e tomou contato com as idéias do Partido Comunista Brasileiro.

Após a institucionalização da ditadura, processo iniciado a partir do golpe civil-militar de 1964, Virgilio passou a assumir posição destacada na luta contra a opressão, tornando-se um guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional, organização cujos fundadores e líderes foram Carlos Marighella e Joaquim Câmara Ferreira.

Menos de um mês após ter comandado uma das ações mais espetaculares da luta de resistência contra a ditadura, o seqüestro do embaixador americano, Virgilio, o “Jonas” da ALN, foi brutalmente assassinado sob torturas na sede da famigerada Operação Bandeirantes, em 29 de setembro de 1969, e se tornou o primeiro desaparecido político brasileiro.

Apresentação feita por Manoel Cyrillo de Oliveira Netto

Soube da morte do Jonas de cabeça pra baixo, pendurado em um pau-de-arara, na Operação Bandeirantes. Diante de paredes e pisos manchados pelo seu sangue, entre dezenas e dezenas de perguntas e afirmações simultâneas, em meio a muita pancada, chutes e choques, registrei a triste notícia:
– Tá vendo este sangue, é do Jonas, é o sangue de um brasileiro, o filho da puta tá morto!
Na véspera de minha prisão, no dia 29 de setembro de 69, o Estado brasileiro havia assassinado o companheiro Virgílio naquela mesma câmera de tortura.
Hoje, o Virgílio está mais vivo do que nunca. Cresceu. Perpetuou-se. Fez história. Diferentemente, os seus algozes, os vivos e os mortos, estão encurralados em uma câmera do inferno, sofrem, torturam-se – são uns pobres-diabos.
Parabéns à Edileuza e ao Edson, historiadores de ótima cepa, que fizeram uma pesquisa e um trabalho maravilhosos. Virgílio Gomes da Silva: De retirante a guerrilheiro passa a ser uma referência. É um livro que, praticamente, nasce como um clássico, de leitura obrigatória. E, o melhor, o trabalho também é uma mostra de que está em andamento o fim do reinado do revisionismo subserviente na historiografia do período. Virgílio Gomes da Silva: De retirante a guerrilheiro revela-nos o seu personagem central, o nosso Jonas, como um homem, como gente e, nunca, como o anti-herói ou o vilão, como retratado no filme O que é isso, companheiro?
Ao longo da narrativa, descobriremos a bela trajetória pessoal e política do Virgílio, um cidadão que não desceu de pára-quedas para comandar a ação de captura do embaixador Elbrick. Também nos depararemos com capítulos e episódios duros e cruéis, retratos do que era a vida do país naquela época. E, no final, o resultado será gratificante e saberemos melhor prezar o esforço e a resistência do Virgílio, um brasileiro.


RESISTÊNCIA ATRÁS DAS GRADES
Maurice Politi

Este livro conta parte importante da história da ditadura militar sob o ponto de vista dos presos políticos, homens e mulheres, que continuaram sua luta dentro das prisões políticas sem se render ao inimigo.
A partir de um diário de greve de fome, escrito numa cela da enfermaria da Penitenciária Regional de Presidente Venceslau, extremo oeste de São Paulo, em 1972, feita para impedir a separação e a repressão dos combatentes encarcerados, é contado o cotidiano das pessoas presas por um Estado que sequer admitia a existência de presos políticos.  
Resgatado 37 anos depois e transcrito na íntegra, tal qual foi escrito na época, somam-se a esse diário vários documentos importantíssimos, nunca antes publicados ou que nunca foram analisados adequadamente, para entender o que movia os repressores na sua sanha e quem eram os militantes contra a ditadura. 
A lógica da repressão e as muitas tentativas de quebrar a determinação de continuar o combate, mesmo presos, contra um regime ilegal e ilegítimo surgem nitidamente neste livro, que desnuda as diferenças políticas daquelas pessoas nas mãos do inimigo.
Resistência atrás das grades é um retrato fiel de uma época cruel.
Acima de tudo, este livro mostra que a generosidade de uma geração de brasileiros foi maior do que a barbárie do terrorismo de Estado, implantado com o golpe de Estado em 1964.

Apresentação

O senso comum diz que em nosso país tudo acontece pacificamente e sem sangue. Não bastassem os exemplos de Tiradentes, Felipe dos Santos e Zumbi, para ficarmos restritos a poucos nomes de personagens históricos, nossa História está cheia de sangue, enfrentamentos ferozes e muita brutalidade dos poderosos contra quem levanta a cabeça para protestar.
Resistência atrás das grades é a prova maior de que em nosso país houve luta até dentro das prisões contra o terrorismo de Estado, implantado pelo golpe de Estado em 1964.
Muito mais do que contar a história sob outro ponto de vista, este livro prova com documentos todos os descalabros de regime implantado a partir de um golpe de força contra as instituições e contra a nacionalidade brasileira.
A fartura de documentos oficiais não deixa dúvidas quanto às intenções
dos repressores.


Serviços:

Virgilio Gomes da Silva – De Retirante a Guerrilheiro
autores: Edileuza Pimenta e Edson Teixeira
112 páginas – Plena Editorial / Núcleo Memória
será exibido o filme Hercules 56 do diretor Sílvio Da-rin,
seguido por um debate com IVAN SEIXAS
um dos participantes da resistência armada contra a ditadura militar no Brasil.