A moda brasileira feminina promete ficar mais real para atender a todos os biotipos com a reformulação de novos tamanhos de roupas feita pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A norma NBR 16933 inclui informações sobre os centímetros e oferece novos referenciais de medidas com base em dois tipos de corpos mais observados nas brasileiras: “retângulo” e “colher”.
A proposta dessa padronização é evitar discrepâncias e desproporções, como destaca a professora do curso de Design de Moda da Estácio, Maria Paula Guimarães. “Há uma enorme dificuldade em relação à padronização dos tamanhos de roupas femininas no Brasil. Esse problema tem se agravado nos últimos dois anos, principalmente pelo avanço do e-commerce durante a pandemia da Covid-19. A reformulação das normas da ABNT se mostrou mais eficiente, uma vez que foi baseada em uma extensa pesquisa de corpos da mulher brasileira realizada pelo SENAI-SETIQT. Diferentemente da moda masculina e infantil, a feminina apresenta uma variedade muito grande de modelos, cortes e estilos que refletem necessariamente nas modelagens das peças e, consequentemente, na adequação aos diversos tipos físicos da mulher brasileira”, ressalva.
A professora analisa que o referencial é um avanço e fala de um erro comum na modelagem para mulheres acima do peso – público que tem mais dificuldades de encontrar sua numeração em lojas de departamento e grifes consagradas.
“A definição pelas medidas de busto, cintura e quadril, como proposto na ABNT 16933, é um bom caminho, embora possa ser mais confuso ao oferecer um maior número de parâmetros. Com relação ao plus size, ainda é uma fatia do mercado pouco explorada. Um erro frequente nessa modelagem é se basear na relação altura/peso. Muitas vezes, roupas de tamanho GG estão associadas a uma altura acima do padrão, o que não reflete a realidade, sem considerar as medidas do quadril, abdome e busto”, ilustra Maria Paula Guimarães.
A importância dessa pesquisa e mudança nos padrões das etiquetas é sinalizada pelo professor de moda do Centro Universitário UniFBV | Wyden, Paulo Medeiros. “Colocar as medidas de quadril, de cintura, de busto é muito importante porque, uma vez que o cliente sabe essas medidas, ele vai conseguir compreender melhor qual pode ser o tamanho que é utilizado por ele sem necessariamente ficar no que a gente chama de tamanho único ou na modelagem P ou M”, pontua.
Uma aliada que pode ajudar na definição dos tamanhos é a tecnologia 3D. “O 3D é uma alternativa, porém é muito pouco acessível financeiramente. Pequenas marcas, que constituem uma grande parcela de confecções no Brasil, podem não ter acesso a softwares eficientes e bem desenvolvidos para cumprir o objetivo”, observa a professora da Estácio.
A ideia da modelagem tridimensional é defendida também por Paulo Medeiros, que lembra que os padrões diferentes de cada loja dificultam a compra de roupas. “A reformulação de novas peças faz com que o corpo precise se adaptar à roupa e não o contrário. A ideia do design de moda, da modelagem tridimensional, é que a roupa faça o encaixe perfeito com o corpo, ela ajusta onde precisa ajustar e tenha medidas corretas de acordo com a ergonomia”, sublinha o professor da UniFBV.
*Via Assessoria