A safra do terror no cinema americano está em um abismo tão profundo que qualquer
forma de ganhar dinheiro é válida.
Já não bastassem os remakes de supostos clássicos das décadas de 70 e 80, temos as refilmagens de filmes europeus (não sei como Fritt Vilt, considerado um dos melhores filmes de terror norueguês dos últimos anos, ainda não ganhou um) e óbvio, refilmagem da refilmagem no estilo handheld camera.
Todos esses problemas são pequenos em comparação ao verdadeiro vilão deste estilo. A classificação etária dos filmes de terror, na maioria, é apenas para maiores de 18, fazendo com que a bilheteria não renda o esperado pelos estúdios. Pânico 4 falha justamente aí. Após anos longe de Woodsboro, Sidney volta para promover seu livro de auto-ajuda. Logo com sua chegada, as pessoas começam a ser mortas e aquela velha equação, que todos já conhecem de filmes de terror, para sobreviver e descobrir quem está matando a todos aparece. As mortes, embora explicadas indiretamente por que, são fracas em relação aos três primeiros filmes e ao final dele você tem a sensação de que algo está faltando ou que eles editaram para que até crianças pudessem assistir a este capítulo (sim, havia crianças de 12, 13 anos na sessão).
Embora este seja o maior defeito do filme, quem já conhece a franquia sabe o quanto irônico os personagens são e o filme consegue resgatar muito bem isso. Desta vez, Sid, Gale e Dewey estão perdidos entre adolescentes conectados com a tecnologia. Há referências desde ao vício em redes sociais aos métodos de um assassino do século 21 matar suas vítimas.Isso torna os diálogos ótimos e engraçados, dependendo da situação, e te tiram a tensão em boa parte da película. Kevin Williamson conseguiu encaixar toda essa cultura pop nas falas, equilibrando nas horas certas o terror com a comédia.
Mesmo com tamanha sincronia entre falas e personagens, a atuação do elenco não é digna de algum prêmio que o público da internet vota. Prezo aqui duas pessoas, uma nunca fui fã, mas Hayde Panettiere ofusca todos os outros em suas cenas e Marley Shelton, sinto Lake Bell, mas realmente o papel não foi feito para você. Shelton consegue te fazer rir com seu
personagem, o que realmente é irônico, já que em seus últimos filmes, ela tem feito essa mesma expressão de garota louca com olhos esbugalhados. E assim é Pânico 4, toda uma crítica aos filmes do gênero que caíram no ócio de duvidar da inteligência de quem assiste e de quem gosta. O roteiro desenvolve bem o erro do mercado cinematográfico americano de criar apenas atrações sem conteúdo algum (principalmente os remakes) e isso fica bem claro desde as situações, as ações dos personagens, suas falas e o principal: a trilha sonora. O sarcasmo do filme está em boa parte nela. No final, o filme consegue ser sua própria refilmagem, cheio de clichês, mas que não são dele e sim de todas as tentativas de terror produzidas nos últimos anos.