The Fall
A consolidação de um estilo
Como se popularizar um estilo em uma década? Norah Jones sabe. Em apenas uma década ela colocou entre as músicas mais populares o Jazz. Não que isto não tivesse ocorrido. A canadense Daiana Krall, já tinha tentado colocar o estilo entre guettos mais populares da América do Norte, por intermédio de shows. Norah foi além. Colocou o jazz em todas as rádios do mundo, de uma forma sutil e sem alarde.
Em novembro passado foi lançado mundialmente o disco The Fall. Mais uma vez, percebemos um resultado de surpreender, afinal, quem flertou com country music e pop demonstrando exímia competência, não poderia deixar barato. Este disco é mais uma vez inovador no estilo próprio. Menos piano e mais guitarra, algo meio que inspirado numa conotação “Kerouaquiana” de Beatnik. “A garota se achou de vez”.
Percebo ainda uma forte inspiração no trabalho de Tom Waits.
Ressalto que o disco é quase todo composto com guitarras e não mais no piano (saindo o piano acústico e entrando o Fender Rhodes), as músicas saltam aos nossos ouvidos com coerência e harmonias fantásticas. Sem sombra de dúvidas é direcionado para um lado mais indie. Melhor dizendo, é uma adequação jazzística a música contemporânea. E isto nos traz à tona novos timbres de muitíssimo bom gosto.
Mais uma vez em 7 anos, Norah Jones se recicla musicalmente. Vai buscando uma sonoridade mais palpável e sem toda a tristeza do álbum inicial, por exemplo. (O não menos fantástico “Come away with me” de 2002). Isto não quer dizer que The Fall, não seja um álbum de coração partido. (Escutem “You´ve ruined me, oitava música do album. É de uma triste inocência fabulosa).
Passando para um lado mais técnico da história, não podemos esquecer da troca de produtor. Este último trabalho foi produzido Jacquire King, que tem no currículo os dois últimos álbuns do Kings of Leon, é produtor de Tom Waits e ainda por cima de álbuns como o “Blues Singer” (2003) da lenda viva Buddy Guy.
Recém balzaquiana, separada do namorado que a acompanhava desde o início da carreira (no contrabaixo) e de cabelos curtos, Norah Jones mostra mais uma vez que é uma grande artista. E o melhor de tudo, uma artista sem estilo definido, mas sempre prezando por um bom gosto profundo.
Sem dúvida este disco foi um belíssimo presente sonoro, de uma alma agora inquieta, mas que nos transmite um sentimento altamente prazeroso ao ouvir. E, justamente por recriar um estilo sem mesmices, apenas com flertes, afirmo: “A garota vai longe!”.