Diante dessas movimentações fortes do mercado internacional, dada a atual guerra comercial internacional, muito se tem perguntado sobre a “economia verde”. Será que esta pauta será afetada? Será que ainda faz sentido investir e apostar neste mercado? E como o Nordeste se posiciona neste segmento? Isto atrai mesmo empresas e economias para nossa região?
Pode-se dizer que felizmente a agenda ESG (Environmental, Social and Governance) tem se destacado como um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável e a responsabilidade corporativa no Nordeste brasileiro. Em uma região conhecida por sua riqueza natural e cultural, a adoção de práticas que promovem o equilíbrio ambiental, o bem-estar social e a governança transparente não apenas fortalece as empresas, mas também contribui para a preservação dos recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais, como bem diz Leticia Mendonça, CEO da LM Consultoria especializada em Compliance e ESG.
Nos últimos anos, muitas empresas receberam diversos benefícios para se instalarem no Nordeste, atraídas, sobretudo pela SUDENE. A diversificação econômica e portos (principalmente Suape e Pecem) próximos da Europa, Estados Unidos e África também serviram de estímulo para esse movimento. Em verdade, as empresas que aqui vieram sempre buscaram, para reduzir custos, identificar oportunidades em setores como tecnologia, turismo e energia renovável. Não à toa, o Nordeste sai na frente quando o assunto é energia solar e eólica e, mais recentemente, hidrogênio verde. Hoje, os Estados do Piauí e Ceará possuem hubs estratégicos no setor da descarbonização através do H2V, cuja obtenção se dá mediante a eletrólise da água, obtida por um processo que requer grandes quantidades de energia. Se observarmos que o nordeste possui água em abundância, em um vasto litoral, além de duas fontes com custos reduzidos de energia, é fácil chegar à conclusão de que o futuro da “economia verde” está aqui, como defende constantemente Anna Dolores, presidente da ABDAEX.
Mas focando em Pernambuco, também temos várias outras frentes sendo trabalhadas. Não há como não falar do Complexo Industrial Portuário de Suape, um exemplo emblemático de conciliação entre desenvolvimento e preservação ambiental, destinando 60% de seu território à Zona de Preservação Ecológica e expandindo suas ações de reflorestamento. Ao olharmos o Plano de Negócios 2025 de Suape, estão lá expostas claramente várias metas e ações sendo desenvolvidas no viés de sustentabilidade, como por exemplo o “Plano Suape Carbono Neutro 2038” e o arrendamento para sediar a primeira planta Metanol Renovável do Brasil. A European Energy irá produzir o novo combustível verde aqui no Estado.
No setor privado, destacam-se o Polo Automotivo da Stellantis, que anunciou, em abril de 2024, investimentos de R$ 13 bilhões voltados à transição energética, com foco na produção de veículos híbridos e tecnologias de descarbonização; a Baterias Moura, que recicla integralmente suas baterias e investe no desenvolvimento de baterias para veículos elétricos; além de numerosas empresas que utilizam fontes de energia renováveis — como biomassa, gás natural, eólica e solar — em seus processos produtivos. Fora que o Estado possui um dos maiores potenciais de geração de energia eólica e solar do Brasil, atraindo empresas do setor energético renovável como Casa dos Ventos e Canadian Solar (Matriz Energética Renovável).
Tais informações constantes do Estudo promovido pela CEPLAN em 2024 demonstram o quanto podemos, intencionalmente, ser um reduto e destaque no cenário mundial de ESG, como bem destaca Aurora Barros, advogada, especialista e consultora de organizações em Compliance e ESG.
Por fim, para não deixar de citar, temos aqui também toda a parte de inovação voltada para tecnologias verdes e soluções sustentáveis para problemas urbanos e rurais, contribuições do apoio do Porto Digital, do próprio Porto de Suape e também com várias ações e incentivos da Prefeitura da Cidade do Recife.
Ou seja, sim, economia verde veio para ficar, traz negócios, faz o Nordeste se posicionar bem nacional e internacionalmente, e temos ambiente de negócios, envolvimento dos empresários e das estruturas de governos nas mais diversas esferas públicas! Manter esta estratégia faz e fará sentido! Quem sabe este será o novo ciclo econômico do Nordeste?
*Gustavo Delgado é Consultor, Coordenador dos cursos de Gestão da UNIFBV, Diretor de OCCA, Diretor de inovação da ABDAEX, Coordenador de MBA em Comércio exterior e Mestre em Economia
*Via Assessoria