Cinco anos após o início da pandemia da Covid-19, os profissionais do setor funerário relembram os desafios enfrentados e as transformações que mudaram a forma como as pessoas lidam com o luto e os serviços prestados às famílias. A crise sanitária impôs aprendizados importantes, tornando o setor ainda mais preparado e resiliente. Se antes os profissionais do segmento atuavam muitas vezes de forma invisível, a pandemia trouxe à tona a importância de seu trabalho. Hoje, esses profissionais são mais reconhecidos pela sociedade.
Quem confirma essa mudança é a tanatopraxista do Cemitério e Crematório Morada da Paz, em Paulista, Luzinete dos Anjos. “Durante a pandemia, as pessoas perceberam a importância do nosso trabalho, pois fomos um dos serviços essenciais que nunca pararam. Antes, o setor funerário era visto com certo distanciamento ou até preconceito, mas depois desse período, houve um reconhecimento maior do nosso papel na sociedade. Ainda existe tabu, mas sinto que as pessoas passaram a ter mais respeito e gratidão pelos profissionais da área”, afirma.
A pandemia trouxe mudanças significativas para o segmento, tanto no aumento da demanda quanto na forma como os velórios e sepultamentos foram realizados. A necessidade de seguir protocolos sanitários rígidos exigiu adaptações rápidas. “O Morada da Paz nos deu todo o suporte necessário para garantir a biossegurança e também valorizou ainda mais os colaboradores”, lembra Luzinete.
Para a profissional, o principal aprendizado da pandemia foi a importância da empatia e do respeito ao luto das famílias. “Muitas pessoas não puderam se despedir de seus entes queridos da maneira tradicional, o que nos mostrou como os rituais de despedida são essenciais para o processo de luto. Também aprendemos a nos adaptar rapidamente a situações extremas e a valorizar ainda mais a nossa missão de prestar um serviço acolhedor e humanizado”, reflete a tanatopraxista.
Impacto emocional e cuidados com a equipe
A pandemia também reforçou a necessidade de olhar para a saúde mental dos profissionais do setor, que lidaram com um volume sem precedentes de falecimentos. “Foi um período extremamente difícil. Comecei a fazer terapia porque estava tendo muitas crises de ansiedade, tentando gerir a equipe, controlar os ânimos e manter todos equilibrados para enfrentar o momento mais desafiador das nossas vidas. Era um desafio diário segurar o emocional para estar bem e acolher as famílias como elas mereciam”, relembra a gerente de Cuidado ao Cliente do Grupo Morada, Mariana Cedraz.
A cerimonialista do Morada da Paz, Luciana Trindade, também relembra o impacto da pandemia no dia a dia da profissão. “Foi uma época muito assustadora, toda vez que chegava em casa após um dia de trabalho, fazia um agradecimento a Deus. Cada reflexão era delicada, pois o medo da morte estava muito próximo da nossa rotina”, conta a cerimonialista.
Após cinco anos da pandemia, o setor funerário reafirma seu compromisso com a segurança e o acolhimento das famílias, garantindo um serviço digno e respeitoso para aqueles que enfrentam a perda de um ente querido.
*Via Assessoria