Exposição celebra o centenário do artista Corbiniano Lins no RioMar Recife

“100 anos de Corbiniano Lins – a festa!” fica aberta ao público entre 3 e 17 de março, com 80 obras, sendo 50 para venda, e a história do importante artista do Modernismo Pernambucano

“100 anos de Corbiniano Lins – a festa!” é um projeto que tem como princípio a exposição e democratização da história e arte daquele que é um dos mais importantes artistas negros da arte moderna e contemporânea em Pernambuco. A exposição, que ficará em cartaz entre os dias 3 e 17 de março no RioMar Recife, celebra o centenário de nascimento do artista, que faria 100 anos em março de 2024. Instalada na Praça de Eventos 2, localizada no Piso L1, e com acesso gratuito, a exposição contará com cerca de 80 obras de Corbiniano Lins, inclusive com 50 delas disponíveis para venda.

A exposição “100 anos de Corbiniano Lins – a festa!” celebra o centenário de nascimento de Corbiniano Lins (1924 – 2018), que desenvolveu trabalhos em técnicas diversas, tendo se popularizado pelas esculturas em alumínio fundido espalhadas pelo Recife e outras capitais do Nordeste. Integrante do Ateliê Coletivo nos anos 50, liderado por Abelardo da Hora, Corbiniano colaborou com artistas como Zé Claudio, Brennand, Samico, entre outros.

O projeto ganha esse nome por conta do álbum de serigrafias: Recife de janeiro a janeiro, de 1974, encontrado durante a pesquisa curatorial, com 10 serigrafias pouco vistas pelo grande público e um texto de Hermilo Borba Filho que leva o título “Corbiniano: a festa”. A exposição conta com a curadoria de Bruna Pedrosa e educativo elaborado por Carol Corrêa, colaboradoras do artista ainda em vida.

O projeto inclui obras e a história do artista, oferecendo uma experiência enriquecedora e educativa, destacando-se também na preservação e valorização da herança cultural de Pernambuco e do Recife dentro da história das Artes Visuais. A exposição contará sempre com dois educadores presentes, para orientação dos conteúdos educativos e simbólicos.

O objetivo dessa exposição é proporcionar oportunidades significativas de aprendizado, engajamento e apreciação artística para os visitantes de todas as idades, gênero, raça, classe e níveis de familiaridade com a arte. Dessa forma, “100 anos de Corbiniano Lins – a festa!” não se limita a uma celebração estática, mas propõe-se a ser um percurso dinâmico, permeado por uma grande exposição-festejo, ampliando assim o impacto do legado artístico de José Corbiniano Lins para uma audiência diversificada.

Serviço:

“100 anos de Corbiniano Lins – a festa!”
Data: de 3 a 17 de março
Local: Praça de Eventos 2 no Piso L1 do RioMar Recife.
Acesso gratuito

Sobre o artista e sua obra

Um homem simples, de poucas palavras e mãos incrivelmente habilidosas. Assim era José Corbiniano Lins, um pernambucano que viu a timidez ser rompida pela arte. Nascido em Olinda, no dia 2 de março de 1924, ele sentiu a necessidade de expressar os sentimentos aos oito anos, quando desenvolveu o gosto pelos desenhos, quadros e gravuras. A brincadeira da infância passou a ser vista como profissão a partir dos estudos feitos por ele na Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco (hoje, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE).

Em 1949, a pintura surgia como consequência. Integrante do Atelier Coletivo de Olinda, onde ao lado de Abelardo da Hora, Reynaldo Fonseca, Samico e Celina Lima Verde fez parte do movimento de Arte Moderna do Recife na década de 50, Corbiniano descobriu no barro outra paixão: a de esculpir. E, assim, passou a criar as peças que consagrariam o nome dele na lista dos mais importantes escultores da arte contemporânea do século.

No ateliê do artista, era possível descobrir que não havia segredos, nem técnicas avançadas para ter peças tão bonitas e expressivas. Tudo era muito simples e prático. Um papel e um lápis e os desenhos saiam livremente, dali viravam uma matriz de serigrafia, um entalhe, uma tapeçaria, uma pintura em azulejo ou em tela e sobretudo, utilizando-se de uma faca de cozinha comum, o olindense dava forma para novas criações no isopor para, em seguida, através da técnica da forma perdida, dar vida às tão conhecidas esculturas de alumínio fundido.

Entre tantos personagens feitos por ele, a figura da mulher merece destaque. Negras, alongadas e de formas sinuosas, elas provocam encantamento no primeiro olhar. Algumas delas, em tamanho natural ou ainda maiores, podem ser vistas espalhadas em edifícios pela cidade do Recife. Corbiniano chegou a participar de diversas exposições coletivas e individuais em galerias, museus, espaços culturais e salões em várias cidades brasileiras, na Europa e na América Latina.

O trabalho do artista pode ser conferido em prédios públicos, praças, estabelecimentos comerciais e residências. Ele criou a Sereia do Mirante, em Maceió (AL), o painel do edifício do Fórum de Campina Grande (PB) e os monumentos do Vaqueiro e o de Iracema, em Fortaleza (CE). Pintou ainda os painéis em azulejo sobre as Revoluções Pernambucanas de 1817 e 1848 e fez uma escultura de Santo Amaro, para a Biblioteca Municipal, no Recife (PE). Corbiniano é o criador do troféu para o Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo, instituído pelo Sindicato de Jornalistas de Pernambuco.

Confira outras obras:

O mascate (Praça da Independência) – Escultura em alumínio fundido, criada em 2005 a pedido da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife.

Estátua (Avenida Guararapes) – Em frente à Agência Central dos Correios, no bairro de Santo Antônio.

Linha do Tempo – Corbiniano Lins

1924 – Nasce no dia 2 de março na cidade de Olinda, em uma casa com seis mulheres.

1932 – Aos oito anos, brinca de copiar desenhos, quadros, gravuras.

1941 – Ingressa na Escola de Aprendizes Artífices de Pernambuco (depois, Escola Técnica; Centro de Formação Tecnológica de Pernambuco (Cefet) e, hoje, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco), onde aprende e toma gosto pelo desenho artístico.

1952 – Ingressou no Atelier Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife. Concorreu ao Salão do Museu do Estado de Pernambuco e obteve menção honrosa. Junto com outros artistas fundou o Clube da Gravura, ligado à Sociedade de Arte Moderna do Recife.

1954 – Foi premiado no Salão da I Exposição do Atelier Coletivo. Expôs em Goiânia, Goiás durante o I Congresso Nacional de Intelectuais.Apresentou trabalhos na exposição de gravuras brasileiras que percorreu oito países da Europa, além da Argentina e Mongólia.

1955 – Foi premiado pelo Salão Oficial do Estado. Participou, em Israel, da exposição patrocinada pela Sociedade de Arte Moderna do Recife.

1957 – Foi lançado pelo Clube da Gravura um álbum de gravuras, do qual participaram Wellington Virgolino e Wilton de Souza.

1958 – Conquistou o 1º Prêmio do Salão Oficial do Museu do Estado de Pernambuco e participou de várias exposições coletivas.

1959 – Expôs individualmente no Recife e em São Paulo.

1960 – Lançou um álbum com dez xilogravuras.

1961 – Lançou o 2º álbum de gravuras, em cores.

1962 – Obteve o 1º Prêmio de Escultura em concurso do Banco do Brasil, agência Centro, Recife.

1963 – Recebeu a Medalha Pernambucana do Mérito.Executou o monumento do 1º Centenário de Campina Grande.Criou a Sereia do Mirante, em Maceió, AL.Executou painel para o edifício do Fórum de Campina Grande, Paraíba e a figura-símbolo do Clube do Trabalhador, da mesma cidade.

1965 – Executou os monumentos do Vaqueiro e o de Iracema (Fortaleza, CE); a estátua de Iracema (Ipu, CE); e o portão-mural do edifício Santo Antônio (Recife-PE).

1966 – Participou da I Bienal Nacional de Artes Plásticas.

1967 – Pintou os painéis em azulejo sobre as revoluções pernambucanas de 1817 e 1848 e fez uma escultura de Santo Amaro, todos para a Biblioteca Municipal de Santo Amaro, Recife.Executou o monumento do Trabalhador de Paulo Afonso, BA, e a Decoração da Catedral de Floresta dos Navios, PE.

1969, 1972, 1975 e 1978 – Participou do Panorama da Arte Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo. Venceu concurso para escultura do Banco do Brasil, agência Santo Antônio, Recife, PE.

1970 e 1973 – Lançou álbuns (Xangô,n. 1 e 2) em serigrafia; e outros com xilogravuras pela Imprensa Universitária da UFPE. Editou um álbum de nus em serigrafia.

1977 – Expôs na Lansing Art Gallery, em Michigan, EUA.

1980 – É criada a Medalha de Mérito da Fundação Joaquim Nabuco, da qual Corbiniano é ganhador.

1992 – Participou do 1º Salão de Arte Religiosa da Argentina.

1993 – Criou o troféu para o prêmio Cristina Tavares de Jornalismo, instituído pelo Sindicato de Jornalistas de Pernambuco.

1999 – Ganhou o 1º lugarcom a escultura “Dança” no concurso “Olinda, uma Orla de Arte”.

2000 – Realizou a exposição Cores e Volumes, em que apresentou 15 peças de alumínio unindo rusticidade à elegância de suas mulheres esguias e ousadas na Rodrigues Galeria de Arte. Recife – PE.

2006 – Teve publicado, através do Funcultura, o livro ‘Corbiniano Lins: um olhar sobre sua arte’, escrito por Weydson Barros Leal.

2014 – Foi duplamente homenageado aos 90 anos de vida, dos quais 65 dedicados à produção artística pernambucana, primeiro no documentário Corbiniano, de Cezar Maia na XVIII Edição do Cine PE Festival do Audiovisual e segundo em uma exposição retrospectiva: “Corbiniano Lins – 65 anos de Arte“, acolhida no Museu Murillo La Greca, com curadoria de Bruna Pedrosa e patrocínio do Funcultura.

2015 – Foi homenageado pelo SESC Pernambuco com a inauguração da Galeria de Arte Corbiniano Lins, no Sesc Santo Amaro com sua última exposição individual em vida: Corbiniano: Silêncio da Forma, com curadoria de Bruna Pedrosa.

2018 – Completa 94 anos no dia 2 de março e faz sua passagem para o outro plano no dia 10 do mesmo mês. É mais uma vez homenageado pelo Sesc com uma solenidade de despedida na galeria que eterniza seu nome.

2024 – Tem sua obra revista e celebrada no mês em que completaria 100 anos de vida, através da exposição individual “100 anos de Corbiniano Lins – a festa!”, mais uma vez com curadoria de Bruna Pedrosa e com o apoio do Riomar Recife.

*Via Assessoria