Arquiteto dá dicas para quem quer mudar a decoração de casa, fugindo das cores neutras e tradicionais
Em abril de 2020, no início da pandemia do coronavírus no Brasil, mais da metade da população estava em isolamento social. Dessa forma, a casa se tornou mais do que apenas moradia: virou espaço de trabalho, estudo e lazer, despertando em muita gente a vontade de mudar a decoração. E uma estratégia simples e que é muito utilizadas para repaginar um ambiente sem muito custo é a pintura com cores que fogem do tradicional branco.
No entanto, embora o uso de cores fortes esteja em alta na decoração, é preciso cuidado para não haver exageros. André Menelau de Mesquita, arquiteto e coordenador do curso de Arquitetura e Urbanismo da Estácio Recife, explica como usá-las. “Não existe uma regra exata para a quantidade de cor a ser utilizada, pois cada ambiente deve ser analisado de forma individual, então depende mais do bom senso do proprietário ou arquiteto para dosar a quantidade de cor”, afirma.
O arquiteto ainda diz que a escolha da tinta é extremamente importante para alcançar o objetivo desejado no ambiente. “Uma das etapas mais importantes para decoração de um espaço é a escolha da cor. As cores despertam sensações nas pessoas”, explica. Enquanto cores claras como bege e branco remetem à leveza e as cores frias trazem a sensação de tranquilidade, as cores quentes e mais fortes tornam o ambiente estimulante. Por isso, é preciso cuidado ao escolhê-las. No quarto, por exemplo, que é um cômodo usado para relaxar e dormir, não é indicada a utilização de grande quantidade de cores fortes nas paredes.
“Existem outras opções, podendo ser utilizadas em detalhes nos ambientes, como uma viga ou coluna aparentes, numa porta, no mobiliário, eletrodomésticos, luminárias e objetos de decoração. A dica é que a tonalidade escolhida combine com a personalidade do usuário do espaço para que depois de um período a pessoa não se arrependa”, explica o arquiteto, completando que o tamanho do cômodo também precisa ser levado em consideração na hora da escolha.
“Em ambientes muito grandes, cores fortes com um tom mais escuro servem para passar a sensação de diminuição do ambiente, além de serem mais aconchegantes. Nos ambientes pequenos, a utilização de cores claras dá a sensação de expansão”, diz. Ele indica ainda que, antes de escolher cores fortes para a decoração, pode-se fazer uma comparação com as roupas que usamos. Por exemplo, se utilizamos uma camisa muito chamativa ou com uma estampa muito forte, no geral usamos uma calça de cor neutra. Assim também deve ser na decoração da nossa casa.
“Se for um ambiente delimitado por quatro paredes, onde já existem muitos itens coloridos, deve-se colocar cores fortes em apenas uma ou duas paredes, no máximo. O segredo está no equilíbrio. Quanto maior a quantidade de cores fortes utilizadas num ambiente, deve haver uma quantidade equivalente ou maior de cores neutras (branco, bege, neve, tons de cinza e amadeirados) para contrastar”, recomenda o coordenador.
Outra dúvida que muita gente tem na hora de escolher as cores da nova decoração diz respeito à variação entre o que vem no mostruário do fabricante da tinta e o resultado final do produto aplicado. Sobre essa questão, o arquiteto confirma que pode haver, sim, variações, mas que existem formas de contornar o problema.
“É fundamental olhar os catálogos dos fabricantes para escolher a cor desejada, mas o mais importante é pegar uma amostra desta cor e testar na própria parede, em pelo menos duas demãos de tinta”, aconselha. Além disso, é interessante ver o tipo de iluminação do ambiente, que pode influenciar na tonalidade original. Por isso, deve-se analisar o Índice de Reprodução de Cor (IRC), que geralmente vem indicado na embalagem das lâmpadas. “Cada tipo de lâmpada possui um IRC, que é uma escala de fidelidade com que as cores serão reproduzidas na luz. Quanto mais perto de 100% for o IRC, mais fiel será representada a cor do ambiente”, finaliza.
*Via Assessoria