O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), que tem como objetivo detectar as tendências em ações de curto e médio prazos no setor, com base na opinião dos tomadores de decisão das empresas do varejo, voltou a cair fortemente em Pernambuco no mês de maio.
Quando se encontra acima de 100 pontos, significa que o setor está confiante quanto ao ambiente de negócios, seja por conta de boas expectativas sobre a economia e o volume de vendas nos próximos meses, seja por conta do próprio planejamento financeiro das empresas e sua capacidade de investimentos em infraestrutura, estoque e mão de obra.
Após a retração de 11,5 pontos entre março e abril, o ICEC recuou 10,6 pontos entre abril e maio, o que significou uma variação de 11,7% no índice. Dessa forma, com 80,2 pontos em maio, o ICEC manteve-se na zona de avaliação negativa, ou seja, de insatisfação, por parte dos empresários do comércio pernambucano a respeito do ambiente de negócios nos próximos meses.
Quando se observa os resultados desagregados segundo o porte das empresarial, a queda foi maior entre as microempresas e empresas de pequeno porte, que compreende aquelas com até 50 funcionários, sob a ótica do emprego formal. Neste universo, o índice caiu de 90 para 79,3 pontos, enquanto que a variação de 125,6 para 119,6 pontos entre as empresas com mais de 50 funcionários.
Pernambuco: Índice de Confiança do Empresário do Comércio, consolidado e componentes (valores em pontos) – janeiro/2020 a maio/2021
(100 = indiferença; avaliação positiva > 100; avaliação negativa < 100)
Fonte: CNC. Elaboração Fecomércio-PE.
Os resultados de maio também voltam a evidenciar um descolamento maior entre a percepção sobre as condições atuais do negócio e as expectativas sobre a economia e o comércio. Em fevereiro, o índice das condições atuais registrou 82,9 pontos, enquanto o índice das expectativas para o setor alcançou 133,6 pontos (diferença de 50,7). Em maio, esses índices foram de 50 e 112,8 pontos, respectivamente (diferença de 62,8).
Portanto, além de os índices estarem em patamares bem mais baixos que no início do ano, a percepção sobre a situação atual do ambiente de negócios se deteriorou substancialmente em 4 meses. Com efeito, o percentual de empresários que enxergam uma situação muito pior sobre a economia brasileira saltou de 32,3% em fevereiro para 55,1% em maio. Já o percentual dos que vislumbram uma situação muito pior no setor de comércio aumentou de 21,4% em fevereiro para 41,5% em maio.
Pernambuco: Empresários do comércio segundo a percepção quanto às condições atuais da economia, do setor e da própria empresa – janeiro/2021 a maio/2021
Percepção | Jan/21 | Fev/21 | Mar/21 | Abr/21 | Mai/21 |
Condições Atuais da Economia Brasileira | |||||
Melhoraram muito | 2,0 | 1,1 | 1,2 | 1,3 | 1,5 |
Melhoraram um pouco | 26,1 | 32,6 | 31,8 | 21,7 | 11,6 |
Pioraram um pouco | 35,4 | 33,9 | 30,8 | 31,6 | 31,7 |
Pioraram muito | 36,5 | 32,3 | 36,3 | 45,5 | 55,1 |
Total | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
Condições Atuais do Setor | |||||
Melhoraram muito | 6,4 | 6,0 | 4,8 | 3,3 | 2,7 |
Melhoraram um pouco | 33,6 | 39,2 | 40,3 | 33,0 | 22,5 |
Pioraram um pouco | 34,9 | 33,5 | 30,2 | 31,8 | 33,3 |
Pioraram muito | 25,0 | 21,4 | 24,7 | 31,9 | 41,5 |
Total | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
Condições Atuais da Empresa | |||||
Melhoraram muito | 6,4 | 6,4 | 5,8 | 4,9 | 4,0 |
Melhoraram um pouco | 39,9 | 43,0 | 41,2 | 32,5 | 22,2 |
Pioraram um pouco | 31,5 | 31,9 | 30,4 | 32,0 | 33,1 |
Pioraram muito | 22,3 | 18,8 | 22,6 | 30,6 | 40,7 |
Total | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 | 100,0 |
Fonte: CNC. Elaboração Fecomércio-PE.
Essa é uma avaliação do setor que ocorre em paralelo ao prolongamento das restrições sobre os horários de funcionamento do comércio, desde a segunda quinzena de março. O avanço do contágio e do número de óbitos em Pernambuco nesses primeiros meses de 2021, com a perspectiva de falta de vacinas em diversos municípios do estado, são outros fatores importantes para explicar esse sentimento de desconfiança por parte do empresariado do comércio. A esse quadro pandêmico, somam-se ainda a inflação elevada e o alto endividamento, que reduzem o poder de compra das famílias pernambucanas.
Embora o programa de auxílio emergencial às famílias tenho sido retomado no início de abril, a perspectiva para o comércio como um todo é de que seu impacto será bem menor em 2021. O programa apoio às micro e pequenas empresas (Pronampe), por sua vez, foi reeditado, com juros maiores e sem o suporte do fundo garantidor de operações (FGO), que imprimia maior segurança aos bancos durante as contratações de crédito em 2020. Além disso, apesar de ser positiva a reedição dos programas de socorro financeiro às empresas e de manutenção dos empregos, a sua retomada está atrasada, dependendo ainda de consenso entre presidência e Ministério da Economia para sanção. Foi essa a conjuntura derrubou a confiança do empresário pernambucano em maio.
*Via Assessoria