Após 17 anos de hiato, o terceiro filme da franquia Bad Boys, dirigido por Adil El Arbi e Bilall Fallah, traz dilemas sobre final de carreira da dupla Marcus Burnett (Martin Lawrence) e Mike Lowrey (Will Smith, além da chegada de uma equipe jovem com Vanessa Hudgens, Alexander Ludwig, Charles Melton, Jacob Scipio e Paola Nunez no elenco
Com estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta (30), “Bad Boys Para Sempre” marca a volta da franquia após 17 anos do último filme lançado. Em 1995, o sucesso de “Bad Boys” alavancou a carreira do diretor Michael Bay (“Armageddon” e Pearl Harbor”) e lançou Will Smith e Martin Lawrence ao patamar de astros em Hollywood. Oito anos depois, “Bad Boys II” chegou às telas superando seu antecessor em arrecadação e exagerando todos os conceitos criados para o original. Nesta quinta (30), “Bad Boys Para Sempre” chega às salas de cinema de todo Brasil já como sucesso nas bilheterias americanas e tem impressionado a crítica especializada, com 78% das análises publicadas aprovando o filme de acordo com Rotten Tomatoes.
Smith e Lawrence, que em meados de 1990 estavam na casa dos 30, agora são cinquentões, em uma trama em meio ao novo cenário em que vivemos, agora dirigido por Adil El Arbi e Bilall Fallah. Marcus Burnett (Lawrence) tem um neto e está prestes a se aposentar, quando Mike Lowrey (Smith), solteirão e seu parceiro de décadas, sofre um atentado provocado pela fugitiva Isabel Aretas (Kate del Castillo) e seu filho, Armando (Jacob Scipio), que buscam vingança contra todos aqueles que botaram o patriarca da família na cadeia, sendo Mike um deles.
Ao retornar de uma quase morte, Lowrey busca vingança e Burnett tenta deixar a vida agitada para trás, enquanto o departamento de polícia recebe uma nova equipe, mais jovem, formada pela tenente Rita (Paola Núñez), a policial especialista em invasões Kelly (Vanessa Hudgens), o nerd musculoso Dorn (Alexander Ludwig) e o hacker/atirador de elite Rafe (Charles Melton).
A chegada da equipe liderada por Rita traz um interessante contraponto para os policiais da “velha guarda”. O grupo tem um atrito em potencial entre Lowrey e Rafe, além de um provável romance com Rita, enquanto há uma nítida intenção dos diretores em criar um “legado”, passando o bastão para a nova geração. Essa dinâmica entre a dupla de policiais mais velha e os oficiais mais novos é uma das coisas com maior potencial no filme.
Neste diálogo entre presente e passado, curioso notar até como os próprios estereótipos que sempre estiveram presentes na franquia sofrem uma atualização de acordo com o contexto político do presente. Não mais são os “vilões” cubanos do segundo filme, mas os mexicanos, pensando talvez na era Trump que trata o país vizinho como invasores dos EUA.
A personagem Isabel, também conhecida como “La Bruja” traz o misticismo possuindo uma forte ligação de louvor com a morte. E é justamente esse um dos principais temas de “Bad Boys Para Sempre”: o filme inteiro funciona como uma grande lição para o personagem de Will Smith, que cada vez mais vai entendendo que ele não é mais o policial sedutor e “imortal” de antes. Mike representa todo um estereótipo de policial que hoje já parece desatualizado e os métodos do amigo vão sendo o tempo todo questionados por Marcus, que adota uma postura cada vez mais autocrítica durante o longa, inclusive sobre o uso desnecessário da violência. Os diálogos dos parceiros policiais e o uso de recursos como o “foreshadowing”, apresentando pistas para acontecimentos posteriores na trama, remetem ao livro de regras do filme policial americano, mas sempre surgem com uma personalidade
Arbi e Fallah são obviamente fruto da cinefilia de ação da década de 1990, celebrando e atualizando o gênero policial junto ao roteiro assinado por Chris Bremner, Joe Carnahan e Peter Craig. Embora a direção não seja de Michael Bay, conhecido pelos seus exageros, o tom continua sendo parecido, já que a produção é do não menos exagerado Jerry Bruckheimer (“Um Tira da Pesada” e “Top Gun”), ao lado do próprio Will Smith e Doug Belgrad.
“Bad Boys Para Sempre” é uma grata tentativa de atualizar a franquia criada por Bay para os tempos modernos, questionando algumas tradições antigas e respeitando outras, principalmente o companheirismo de Mike e Marcus. No fundo, trata-se de uma tentativa de mostrar ao público que acompanhou a dupla ao longo dos filmes de que envelhecer não é algo negativo.
Em tempo, a Sony deixa claro com o final da película que vem aí um quarto filme da franquia, mas, dessa vez, a expectativa é que a distância entre um lançamento e outro não demore quase 20 anos.
Por Marta Souza