Adoráveis Mulheres – Crítica

“Adoráveis Mulheres” chega aos cinemas nesta quinta (09) com enredo feminista e elenco de peso.

Saoirse Ronan, Emma Watson, Timothée Chalamet, Meryl Streep e Laura Dern atuam na nova versão do clássico da literatura americana “Mulherzinhas” para às telonas com a direção da promissora Greta Gerwig.

Inspirado no livro “Mulherzinhas”, publicado por Louisa May Alcott há mais de 150 anos e considerado um dos grandes clássicos da literatura americana, “Adoráveis Mulheres” chega nas salas de cinema de todo Brasil nesta quinta (09) reunindo grandes estrelas da sétima arte. Apesar da maioria ser composto por jovens e já aclamados atores, como Saoirse Ronan, Emma Watson e Timothée Chalamet, o elenco também conta com as veteranas Meryl Streep e Laura Dern. Dirigido por Greta Gerwig (vencedora do Golden Globe Awards na categoria Melhor Filme – Comédia ou Musical e indicada ao Oscar de Melhor Filme em 2018 com “Lady Bird”), a história é centralizada na família March, em Concord, Massachussetts,  que luta para se manter unida durante os anos da Guerra Civil de Secessão nos Estados Unidos. 

Com o pai, Robert March (Bob Odenkirk) servindo ao combate, a mãe, Marmee (Laura Dern – vencedora do Golden Globe Awards 2020 na categoria Melhor Atriz Coadjuvante por “História de um Casamento), cria as quatro filhas nos princípios da caridade, amor e união, priorizando as características individuais de cada uma: Jo (Saoirse Ronan – vencedora do Golden Globe Awards na categoria Melhor Atriz de Comédia ou Musical e indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 2018 com “Lady Bird”), tem o dom da escrita desde da infância e escreve peças e novelas; Meg (Emma Watson – Harry Potter) tem potencial para atriz, mas vive um dilema por também ter vontade de se casar e ter filhos; Amy (Florence Pugh, de “Midsommar”), sempre em um conflito interno com Jo, é uma pintora nata; já Beth (Eliza Scanlen) é musicista e se expressa melhor por meio do piano.

A diretora e roteirista detalha a personalidade de cada uma delas ao mesmo tempo em que expõe as dificuldades do ingresso à vida adulta e sociais das mulheres da época. A trama serve também como um manifesto feminista no sentido de mostrar outras possibilidades ao sexo feminino sem ser o papel de subserviente ao marido, presa em uma sociedade que lhe impõe o casamento como meio de sobrevivência.

O enredo é liderado pela personagem Jo, que tem de lidar com questões impostas pela sociedade local. A escritora negocia constantemente com um editor a publicação de seus contos e histórias, mostrando a postura e força no sentido de decidir os rumos da própria vida. Ao mesmo tempo ela encontra no vizinho rico, Theodore Laurence (Timothée Chalamet, de “Me Chame Pelo Seu Nome” e “Lady Bird”), uma amizade da parte da moça, sentimento contrário do vivido pelo jovem que nutre amor pela protagonista. À medida que o tempo passa, “Laurie” e o pai viúvo, Mr. Laurence (Chris Cooper), vão se aproximando cada vez mais da família March.

Como contraponto, Tia March (Meryl Streep) usa da ironia para mostrar às irmãs que o mundo não é tão tolerante e fácil para as mulheres. Apesar de mostrar o talento habitual e indiscutível, Meryl acaba não tendo muitas oportunidades em cena para tornar Tia March um pouco mais do que a caricatura da personagem solteirona, rica e antipática. 

Para contar essa história clássica, Greta Gerwig acerta em misturar passado e presente com drama e humor na dose certa. A partir de mudanças de figurino (bucólico) e também pela fotografia solar (que mudam quando quer mostrar um período diferente do outro),  a edição é repleta de transições suaves fazendo o filme navegar nas duas linhas temporais de forma bastante fluida, quase sempre explorando luz natural aliada a uma direção de arte precisa na reconstrução do interior dos Estados Unidos no século XIX.  

Neste segundo filme como diretora, a também atriz Greta Gerwig galga aos poucos, porém de maneira ousada e firme, um lugar no Olimpo dos cineastas. Apesar de não ter levado nenhum Globo de Ouro, a expectativa é de que “Adoráveis Mulheres” seja indicado ao Oscar em algumas categorias como Melhor Atriz, Melhor Direção, Melhor Figurino e Melhor Fotografia.

*Por Marta Souza