Abertura da mostra contou com a presença do vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira e da secretária de Cultura Leda Alves
Foto: Antônio Tenório / PCR
“Eu já passei da conta”, ironizava Abelardo da Hora em 2014, na ocasião em que completava 90 anos. Na contramão desta afirmativa, todos concordamos que gostaríamos de ter convivido com ele (que faleceu em setembro do mesmo ano) por mais incontáveis anos. Para celebrar o inesquecível e imortal “menino do Recife”, ainda que natural de São Lourenço da Mata, a Caixa Cultural Recife lançou nesta quarta-feira (12) a exposição “Abelardo da Hora 90 anos: Vida e Arte”. Com curadoria de Renato Magalhães Gouveia, a mostra apresenta 110 obras, entre esculturas, desenhos, pinturas e até maquetes do artista.
O lançamento contou com a presença de familiares, amigos, admiradores e curiosos do trabalho do artista multifacetado que foi Abelardo. O vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, esteve presente e comentou o que caracterizou como vastidão, rigor e a coerência da obra do escultor. “Ele é um artista pernambucano que pôde construir com seu talento uma obra que, embora expresse o jeito de ser da nossa gente, nossa paisagem e nossa cultura, tem um sentido universal”, observou Luciano.
A secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, definiu a obra de Abelardo como algo que não tem limite. “A influencia dele como artista é tão ampla que funde com o cidadão político, militante, guerreiro, que luta pelos direitos, que denunciou, que brigou e fez a grande revolução democrática do Brasil. E de forma genial ele trás tudo isso com traços de muita beleza, onde valoriza os corpo da mulher tanto quanto expõe a tristeza dos meninos do Recife. Isso faz dele um artista ímpar e para o Recife é um grande orgulho essa exposição com todo o caminho de sua obra, inclusive para que o recifense venha conhecer ou reconhecer este homem”, aponta Leda.
Inédita no Recife, a exposição apresenta uma vasta coleção das esculturas de mulheres, como “Aurora I”, “Aurora II” e “Mariane” e obras de denúncia social como “Menino do Mocambo”, “A Fome e o Brado” e “Estela para Mulheres e Crianças Abandonadas”. Também pode ser conferida a série de pinturas “É Hora de Brincar” e a polêmica “Meninos do Recife”, que teve cópias destruídas em meados de 1960, durante o período militar.
Para o curador da exposição e amigo de Abelardo desde os 20 anos, Renato Magalhães Gouveia, a montagem no Recife se destaca de qualquer outra já realizada. “Fiz já cinco retrospectivas de Abelardo da Hora: entre João Pessoa, Brasília, Rio de Janeiro e no MASP, em São Paulo, quando fui diretor de lá, e posso dizer que esta é a mais bonita de todas. Primeiro pelo grande espaço e segundo porque é muito emocionante fazer a exposição na terra dele. É a prova de que está vivo, que não morreu”, conta Renato.
Para os que desejam conferir a mostra “Abelardo da Hora 90 anos: Vida e Arte”, a visitação é gratuita e fica em cartaz até o dia 27 de setembro, na Caixa Cultural Recife, localizada na Avenida Alfredo Lisboa, 505, próxima à Praça do Marco Zero, no Recife Antigo. O equipamento funciona das 10h às 20h, de terça a sábado e das 10h às 17h aos domingos. Informações: 3425.1900.
*Via assessoria