Um dos maiores desafios do século está sendo a equidade social e de direitos, presenciamos cotidianamente várias formas de violações, seja por questões de raça, gênero, etnia, orientação sexual e por aí vai.
Um fato recente me provocou a pensar políticas como mecanismo de garantia de direitos, e nesse sentido quero provocar algumas reflexões a cerca do “Kit – Gay”, pelo menos é assim que está sendo massificado e divulgado, mas vamos aos fatos, primeiro não se trata de um “Kit – Gay”, se trata de um Kit – Anti-Homofobia que foi elaborado a fim de subsidiar nossos educadores e educadoras pelo país.
A sexualidade faz parte de nossas vidas assim como suas múltiplas formas de expressão, negar que adolescentes tenham sexualidade e invisibilizar esse debate é um tanto equivocado para não dizer reacionário, existem diariamente vários casos de homofobia que começam nas praticas discursivas e acabam na violência corporal, alguns que desconhecem a proposta do Kit Anti-Homofobia dizem que atenta contra a família, e aí fico me indagando qual seria essa tal família, vejamos só, recentemente o STF reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo, para as ciências sociais já rompemos com o modelo de família nuclear, temos famílias homoafetivas, matriarcal, patriarcal e por aí, o que quero exemplificar é que desqualificar a discussão em torno das violências e violações no contexto educacional é um retrocesso em um Estado Democrático de Direito, o Kit em nenhum momento direciona ou tendência jovens adolescentes a serem homossexuais, ao contrário ele busca justamente o respeito às diferenças e o convívio social dentro da pluralidade.
A suspensão por parte da Presidenta Dilma do Kit Anti-Homofobia sinaliza a falta de compromisso com uma educação inclusiva, que reconheça as diferenças e a necessidade do respeito à mesma. Sinto-me profundamente envergonhado em ver que a Presidenta da República tenha de recuar na política para agradar quem nega e viola direitos, esse lobby religioso é o mesmo que vai contra os direitos sexuais e reprodutivos, a liberdade de expressão… que promovem uma “guerra santa” em nome de um Deus para suas benesses e vaidades e isso não pode nem deve pautar uma política de ESTADO.
O Gov. vai mostrando que a politicagem e a possibilidade de salvar quem deve esclarecer o que parece ilícito não pode usar a vida de LGBTs como moeda de troca, lastimável essa atitude de blindagem de companheiros em detrimento de uma política pública.
Recentemente leio em um Jornal local a informação de que a Bancada Evangélica na ALEAC já se articula para barrar o Kit Anti-Homofobia no Acre, eu faço uma provocação nesse sentido as Excelências que compõem a ALEAC, que façam uma discussão, uma audiência pública com os diversos setores da sociedade, que possa ouvir as mais diversas vozes a fim de esclarecer qual a proposta do Kit e a ferramenta relevante que ele se torna no combate a homofobia dentro do processo educacional, vários LGBTs são marginalizados, estigmatizados e excluídos do âmbito do direito e da cidadania, os índices de evasão escolar por conta da discriminação de lésbicas, gays, travestis e transexuais é um contraditório em um Estado que se propõe a inclusão social e a garantia de direitos.
Ainda temos uma dívida histórica a ser reparada com mulheres, negros, índios… e com homossexuais, por séculos e séculos tivemos um ciclo da homossexualidade como pecado, posteriormente crime e por fim doença, me parece que esse ciclo vem se renovando e ganhando força e isso, infelizmente, mostra o quão ainda precisamos avançar, estamos discutindo a educação, uma das tantas formas de violência vivenciada no processo educacional e aí é nesse momento da educação que temos a construção do futuro, da cidadania, do respeito, do amor ao próximo, da valorização dos direitos fundamentais e da dignidade da pessoa humana. Pensemos para além do que está construído socialmente, vejamos um mundo onde a violência não seja valorizada em detrimento da garantia de direitos.
VÍDEO: PROBABILIDADE – MEC – Campanha Contra Homofobia 1
VÍDEO: ENCONTRANDO BIANCA – Campanha Contra Homofobia do MEC – 3° Filme
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