A formação da identidade cultural de uma determinada nação é um processo que encontra-se atrelado ao passado desse povo, aos feitos históricos que realizou em um dado recorte temporal.
É, nesse contexto, que, tendo como pano de fundo o século XIX, no qual foi vivenciada a unificação de alguns países europeus tais como, Alemanha e Itália, podemos estudar o surgimento do Romantismo, que entre outras premissas, defendia a construção de um nacionalismo pautado no passado, como forma de reconstituir as glórias da nação.
Não por acaso, o Romantismo inicia o seu processo de disseminação na Alemanha do século XIX que estava realizando sua unificação política.É, tendo em vista tal contexto histórico, que na tentativa de construir o sentimento de pertencimento à pátria alemã que as artes irão refletir questões relacionadas ao fato de reconstituir as glórias do passado como forma de delinear uma identidade cultural.A partir dessa nova forma de pensamento, começa a adquirir relevo a Escola Romântica que chegará mais tarde ao Brasil, sofrendo adaptações no que diz respeito aos elementos característicos de nosso espaço e de nossa história.
Segundo alguns estudiosos ligados à Teoria da Literatura, é somente a partir do Romantismo que as produções literárias brasileiras adquirem particularidades que a particularizam como tal, muito embora parte desses pesquisadores admita que as produções só comecem a esboçar um caráter genuinamente brasileiro a partir do Modernismo.Desse modo, fica claro, segundo atesta Antonio Candido que nossa literatura é modificada é modificada pelas condições do Novo Mundo, mas fazendo parte orgânica do conjunto das literaturas ocidentais, ou seja,que literatura não inicio-se a partir de padrões locais , mas foi transplantada, sofrendo ais tarde as devidas adaptações.
Muito embora, conforme foi discutido anteriormente, nossa literatura não tenha, inicialmente, configurado-se a partir de padrões estéticos próprios, deve-se levar em conta a importância do Romantismo para a configuração de uma identidade nacional, uma vez que o Brasil estava vivenciando sua independência política. Assim como na Alemanha, e sob influência das tendências românticas, os autores brasileiros também buscaram no passado a inspiração necessária à construção de suas obras. No entanto, a história brasileira apresenta suas particularidades, desse modo pauta-se no passado colonial, tomando, assim o índio como uma figura genuinamente brasileira.
Para construir a imagem do índio, enquanto uma figura genuinamente brasileira, os escritores lançam mão da visão do bom selvagem, cuja autoria pertence a Jean Jacques Rousseau, de acordo com a qual “o homem é bom, a sociedade é que o corrompe”, ficando claro, desse modo, que tratava-se de uma imagem construída a partir de uma ótica européia.Diante de tal circunstância,é possível perceber que o indígena retratado pelo Romantismo, mais precisamente em sua primeira fase, é europeizado que se submete ao europeu, refletindo, assim, a estrutura social vigente na época.
Em suma, é possível perceber que as circunstâncias históricas estão diretamente relacionadas com as tendências artísticas que se configuram numa determinada época.Ou seja, é a partir das influências do contexto sócio-histórico que o indivíduo formula as tendências estéticas, que figurando como construções puramente humanas podem ser reformuladas e retomadas através dos tempos.
