O Regionalismo de 30 fez da Literatura um instrumento para combater as injustiças presentes na sociedade, sobretudo em sua parcela mais rural
A partir de uma análise na história da Literatura brasileira, é possível perceber que o romance regionalista começa a se configurar ainda durante o Romantismo, escola literária que já no século XIX pregava a formação de uma identidade nacional. Em seus primeiros momentos, essa prosa utilizava a cor local como temática eficaz para tentar fazer frente aos costumes, que estavam cada vez mais impregnados na Corte.
As décadas de 30 e 40 do século XX, historicamente, são marcadas pelo acontecimento da Segunda Guerra Mundial e a nível de Brasil, pela Ditadura do Estado Novo, que tinha como líder Getúlio Vargas. É, desse contexto, que exigia por parte dos artistas e intelectuais uma tomada de posição ideológica, que resulta o chamado Romance Regionalista de 30, que tinha como objetivo principal combater determinadas estruturas sociais ainda existentes nas sociedades mais rurais, localizadas, sobretudo, no Nordeste brasileiro. Como exemplo de tais estruturas podem ser citados o Coronelismo e o Latifúndio.
O texto literário, assim como qualquer outro tipo de texto, não deve ser visto como uma estrutura isolada, fechada em si mesma, mas que pode sim dialogar com tendências que, historicamente, estejam situadas em períodos anteriores a sua elaboração. É ,tendo em vista tal perspectiva, que algumas características presentes na prosa regionalista de 30 foram, em diversos momentos comparadas com certas tendências do século XIX, entre elas o Naturalismo, já que,em determinadas narrativas situadas na década de 30 o homem figurava sendo devorado pelos problemas impostos pelo meio.
Um outro ponto importante as ser salientado é que a chamada Geração Regionalista de 30, além de combater determinadas estruturas sociais que se configuravam como entraves para o progresso das populações rurais, também contribuiu para que determinadas manifestações culturais de caráter popular adquirissem maior representatividade. Ou seja, a partir da narrativa regionalista, são lançadas as base para que a Cultura Popular, algo que se origina a partir da relação que s
e estabelece entre o homem e a terra, passasse a ser vista com outros olhos. É , nesse contexto,que por volta da década de 1940, os bonecos de barro do artesão pernambucano mestre Vitalino alcançam projeção no mudo das artes.
Em suma, é possível observar que o Regionalismo de 30 fez da Literatura um instrumento para combater as injustiças presentes na sociedade, sobretudo em sua parcela mais rural. É, tendo em vista tal perspectiva, que o texto literário deve ser visto como uma estrutura capaz de promovera construção de universos de significação que se estabelece em consonância com o contexto em que estão inseridos e, desse modo, servem como artifício na conscientização da sociedade.
A Semana de Arte Moderna, evento que ocorreu no ano de 192, tinha como principal objetivo solapar as correntes de caráter academicista ainda em vigor no Brasil e, desse modo, estabelecer a construção de uma arte pautada em temas nacionais e cotidianos, expressos a partir de uma linguagem brasileira. É, dentro de tal perspectiva, que uma vez consolidados os ideais estéticos da Semana, os escritores pertencentes ao chamado Regionalismo de 30, influenciados pelo contexto histórico e social, que então se configurava, produziram uma prosa engajada, na qual, podia-se perceber uma certa tomada de posição ideológica por parte dos artistas.