E-NATJUS: Ciência e técnica a serviço da Justiça na saúde

A judicialização da saúde no Brasil é um fenômeno crescente, e muitas vezes os magistrados precisam decidir sobre tratamentos ou fornecimento de medicamentos sem possuir formação médica. Para dar suporte técnico a essas decisões, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e o Ministério da Saúde firmaram o Termo de Cooperação nº 21/2016, criando um importante instrumento de apoio: o Sistema E-NATJUS.

 

O E-NATJUS atua como um Banco Nacional de Pareceres, reunindo informações técnicas produzidas pelos Núcleos de Apoio Técnico do Judiciário (NATJUS), criados pela Resolução CNJ nº 238/2016. O objetivo é fornecer subsídios científicos aos magistrados, permitindo que suas decisões sejam fundamentadas de acordo com a medicina baseada em evidência científica, e não apenas na narrativa do demandante e mero laudo médico.

 

Uma das grandes vantagens do sistema é oferecer informações sobre medicamentos, tratamentos e procedimentos, possibilitando que a demanda do autor seja atendida dentro das possibilidades já existentes no nosso sistema de saúde. Dessa forma, o E-NATJUS não apenas aumenta a precisão das decisões, como também garante segurança jurídica nas decisões, tornando-as mais justas.

 

O projeto, portanto, representa um avanço significativo na interface entre saúde e direito, alinhando o Poder Judiciário à ciência e à gestão eficiente da saúde pública. Ao oferecer decisões mais seguras e tecnicamente embasadas, o E-NATJUS fortalece a confiança na justiça e contribui para uma abordagem mais responsável da judicialização da saúde.

 

Entre os impactos positivos do sistema, destacam-se: maior segurança no julgamento das ações, ao fornecer notas técnicas e pareceres bem fundamentados elaborados por profissionais e cientistas aptos; e base científica sólida, que fortalece a confiança do Judiciário e da sociedade nas decisões sobre saúde.

 

A modernização do E-NATJUS, especialmente com o lançamento do Painel E-NATJUS e da versão 4.0, integra dados de órgãos como Anvisa, Conitec e CFM, incorporando precedentes do STF sobre temas estratégicos. Além disso, recursos visuais e estatísticos permitem mapear tempo de resposta, tratamentos mais solicitados e distribuição geográfica das ações, contribuindo para um Judiciário mais eficiente e transparente.

 

O E-NATJUS simboliza, portanto, um avanço necessário para alinhar decisões judiciais à ciência; melhorar a gestão da saúde pública e suplementar; e reduzir o risco de erros ou decisões inadequadas. Ao mesmo tempo, reforça a importância da qualidade técnica e da governança, assegurando que o sistema continue confiável e útil tanto para magistrados, quanto para a população; beneficiários de planos de saúde e Operadores de planos de saúde.

 

Em última instância, o E-NATJUS não é apenas uma ferramenta técnica, mas um instrumento de impacto social, capaz de transformar o rumo da justiça e influenciar diretamente o futuro da judicialização da saúde.

Olga Boumann Ferreira Cavalcanti, advogada coordenadora da área de saúde suplementar do escritório Urbano Vitalino Advogados

*Via Assessoria