Chegando o final de ano, momento de analisar o que foi feito, o que se deixou de fazer e o que precisa ser feito para o ano seguinte. Momento de renovação de metas, desafios…. E é neste momento que convido todos a analisar a retrospectiva do comércio exterior pernambucano. Como Pernambuco se saiu neste ano tão atípico? Ano em que houve tarifação dos EUA, necessidade de buscar novos parceiros mundiais, volatilidades do comércio com a China e a questão política com a tradicional parceira, a Argentina.
Não sei se é de ciência de todos, mas aqui no Nordeste a maior corrente de comércio, ou seja, o somatório do valor de importação com o de exportação, nos últimos 3 anos, é da Bahia, seguido do Maranhão e tendo Pernambuco e Ceará na terceira e quarta posição, respectivamente. Quando analisamos separadamente a exportação e a importação, embora a Bahia se mantenha no primeiro lugar e o Ceará no quarto, o Maranhão e Pernambuco sofrem alterações de posição. Enquanto Pernambuco é o segundo maior importador, o Maranhão é o segundo maior exportador, em função de seus minérios.
Mas e como foi 2025? Que avanços ou recuos tivemos? Enquanto na exportação, Pernambuco aumentou 19% do seu valor exportado em relação a 2024, o Ceará aumentou 51%, a Bahia diminuiu 4% e o Maranhão diminuiu 8%. Se no próximo ano, o Estado do Ceará mantiver este ritmo, perderemos facilmente a terceira posição de maior exportador do Nordeste. Já na importação, tanto a Bahia quanto o Ceará perderam mais de 10% de valor importado em relação ao ano anterior. Já Pernambuco se manteve quase sem alteração, e o Maranhão aumentou 14% do valor importado, embora continue na terceira posição de maior importador do Nordeste.
Estes números revelam que, por mais que tenhamos nos reinventado durante este ano turbulento na área de exportação e tenhamos conseguido aumentar nosso valor exportado, nosso vizinho, o Ceará, conseguiu fazer melhor. Portanto, precisamos incentivar ainda mais esta cultura exportadora aqui no Estado, levar ainda mais o produto pernambucano além das fronteiras, firmar novas parcerias, estar presente de forma mais estruturada e robusta em feiras internacionais, ativar rodadas de negócio ao longo do ano, preparar melhor o empresariado pernambucano para as outras culturas internacionais.
Sim, sou testemunha de que muita coisa foi feita nesta área em 2025, muitos projetos, muitos programas coordenados pela ADEPE, FIEPE, SEBRAE, entre outros… Ressalto que também foi trabalhado o PNCE, Programa Nacional de Cultura Exportadora, apoiado pelo MDIC, no segundo semestre deste ano. Fora todo trabalho realizado pelas associações como a ABDAEX e a AMCHAM, no tocante a estimular e a estruturar melhor as empresas do segmento do comércio exterior. Os empresários, de fato, se desdobraram para cumprir suas metas de exportação, para conquistar novos mercados e para aumentar o valor exportado. Sem dúvida foi um esforço de todos e grande. Mas é preciso ainda mais, muito mais, para que Pernambuco tenha o tamanho que todo pernambucano imagina, pelo menos no tocante ao comércio exterior. E que venha 2026!
Por Gustavo Delgado – Consultor de comércio exterior de internacionalização de empresas, Diretor de inovação da ABDAEX, Coordenador de MBA em Comércio exterior, Coordenador dos cursos de Gestão da UNIFBV e Mestre em Economia
*Via Assessoria