A ciência moderna confirma o que a sabedoria popular já intuía há séculos: a saúde mental pode começar no sistema digestivo. A ideia de que o intestino funciona como um “segundo cérebro” é hoje um fato consolidado pela pesquisa científica sobre o eixo intestino-cérebro, uma via de comunicação direta que conecta o sistema nervoso central ao sistema digestivo e mostra como nosso bem-estar mental está profundamente ligado aos trilhões de microrganismos que compõem a microbiota intestinal.
Um desequilíbrio nessa comunidade de bactérias, conhecido como disbiose, está associado a um maior risco de transtornos de humor. Estudos publicados em periódicos científicos de alto impacto, como o American Journal of Psychiatry, destacam que as bactérias intestinais desempenham um papel crucial na produção de neurotransmissores vitais, como serotonina e GABA, além do butirato (ácido graxo que protege a barreira intestinal e regula a inflamação), fator diretamente relacionado a quadros de depressão e ansiedade.
De acordo com a psiquiatra Isla Queiroz Álvares, especialista em Psiquiatria Nutricional e sócia do IAN – Instituto Harmonia e Neurodiversidade, há medidas práticas e baseadas em evidências científicas que podem fortalecer esse eixo e contribuir para a saúde mental. “A base de tudo é a alimentação. A Dieta Mediterrânea, rica em fibras, vegetais e gorduras saudáveis, demonstrou reduzir o risco de depressão. Em casos específicos, como a depressão resistente, a Dieta Cetogênica tem sido estudada por sua capacidade de modular o metabolismo cerebral, sempre com rigoroso acompanhamento profissional”, explica a especialista.
O consumo regular de alimentos fermentados, como kefir e iogurte natural, e de alimentos ricos em fibras, como frutas e vegetais, é essencial para nutrir as bactérias benéficas do intestino. “Quando necessário, a suplementação também pode ser uma aliada importante. O ômega-3 (EPA/DHA) apresenta eficácia comprovada na redução de sintomas depressivos, inclusive em adolescentes. Psicobióticos, probióticos com impacto direto na saúde mental, como as cepas L. helveticus R0052 e B. longum R0175 são estudados por seus efeitos na redução do estresse e da ansiedade. Além disso, a N-acetilcisteína (NAC) se mostra promissora como terapia complementar devido à sua ação antioxidante”, detalha Isla Queiroz.
No entanto, a especialista ressalta que nenhuma intervenção isolada é suficiente. “Nenhuma dieta ou suplemento funciona sozinho. Exercício físico regular e sono de qualidade são fundamentais. Eles fortalecem a saúde intestinal ao reduzir os hormônios do estresse e a inflamação geral do organismo, criando um ciclo positivo para corpo e mente”, pontua.
Para a psiquiatra, cuidar do eixo intestino-cérebro é uma das estratégias mais poderosas para promover o bem-estar mental e comprova que a saúde deve ser entendida de forma integral. “Cuidar do eixo intestino-cérebro é uma das mais poderosas ferramentas que temos para promover o bem-estar mental. É a prova de que a saúde é, de fato, integral”, conclui.
Sobre o IAN – Inaugurado em 2025 no RioMar Trade Center, em Recife, o IAN é um espaço pioneiro no Brasil dedicado ao acolhimento e cuidado de adolescentes e jovens adultos neurodivergentes de Nível 1 de suporte, além de pessoas LGBTQIAPN+. Fundado pela psicóloga e neurocientista Geórgia Menezes e pela pediatra e psiquiatra Isla Queiroz, o instituto reúne clínica, pesquisa, educação e apoio à funcionalidade em uma abordagem transdisciplinar, centrada na pessoa e baseada em evidências científicas. Com uma equipe qualificada e também composta por profissionais neurodivergentes, o IAN oferece atendimento clínico integrado com práticas neuroafirmativas, formação profissional, apoio familiar e estímulo à autonomia, promovendo ciência, cuidado e cidadania. Mais informações: www.institutoian.com.br e @ianinstituto.
*Via Assessoria