O que acontece quando um rio ganha direitos legais? Essa é uma das questões que conduz a exposição coletiva Chamar o Rio, com curadoria de Paula Borghi, que a Christal Galeria inaugura no dia 09 de outubro, a partir das 19h. O título aciona um duplo sentido: chamar o rio pelo nome e, ao mesmo tempo, lutar por seus direitos. A abertura contará com uma performance dos artistas Ziel Karapotó e Olinda Tupinambá.
Inspirada pela filosofia do bem-viver, a exposição parte da ideia de que os rios têm o direito de existir como qualquer outro ser vivo, independentemente de possuírem forma humana, propondo uma reflexão sobre a natureza como sujeito de direito.
A exposição contará com um recorte territorial latino-americano de 16 artistas contemporâneos em atividade e com pesquisas que não fazem distinção entre cultura e natureza. São artistas indígenas e não indígenas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, El Salvador, Porto Rico e Venezuela. Serão apresentados trabalhos em vídeo, performance, objeto, desenho, pintura, fotografia e foto-performance — todos questionando as fronteiras entre cultura e natureza, humanos e não humanos, conceitos centrais para a manutenção da matriz colonial de poder.
“No ano em que o Brasil sediará a COP 30, evento no qual líderes mundiais, cientistas e atores da sociedade civil se reunirão para discutir ações para mitigar as mudanças climáticas, é fundamental colocar este tema também na agenda cultural”, defende a curadora da exposição, Paula Borghi.
Segundo a fundadora da Christal Galeria, Christiana Asfora, a mostra coletiva é um chamado por novas formas de proteção ambiental alinhadas aos modos de vida dos povos originários. Nas últimas duas décadas, indígenas e ativistas não indígenas vêm reivindicando ações legais que reconheçam os rios como pessoas jurídicas para garantir sua saúde e preservação.
Alguns exemplos internacionais reforçam esse movimento. O Rio Whanganui, na Nova Zelândia — considerado ancestral do povo Māori — recebeu, em 2017, o status de pessoa jurídica. Desde então, representantes Māori participam de todos os conselhos e comitês responsáveis pela gestão da área, garantindo sua presença nas decisões sobre projetos de construção e intervenções ambientais.
No entanto, nem todos os casos têm sido bem-sucedidos. O Rio Atrato, na Colômbia, declarado entidade legal em 2016, segue com seus direitos violados devido à poluição causada pelo garimpo. “Nem todos os casos de reconhecimento dos rios como pessoas jurídicas são suficientes para a garantia de seus direitos, assim como ocorre com os das pessoas humanas”, acrescenta Paula Borghi.
Ao reunir obras que evocam as dimensões políticas e sagradas das águas, Chamar o Rio convida o público a refletir sobre a urgência de proteger os rios e a imaginar novas formas de convivência entre seres humanos e não humanos.
Farão parte da exposição os seguintes artistas:
- Camila Bardehle (Chile)
- Edinson Quiñones (Colômbia)
- Génova Alvarado (Venezuela)
- Guillermo Rodríguez (Porto Rico)
- Herbert de Paz (El Salvador)
- Jorge Feitosa (Brasil, Rondônia)
- J.Pavel Herrera (Cuba)
- Manuel Brandazza (Argentina)
- Manuela Costa Silva (Brasil, Goiás)
- Marcelo Amorim (Brasil, Goiás)
- Maria Bressanello (Argentina)
- Nina Simão (Brasil, São Paulo)
- Olinda Tupinambá (Brasil, Bahia)
- Simone Fontana Reis (Brasil, São Paulo)
- Sophia Pinheiro (Brasil, Goiás)
- Ziel Karapotó (Brasil, Alagoas)
Christal Galeria – Desde sua abertura, em 2021, a Christal Galeria de Artes já realizou dezenas de exposições, entre coletivas e individuais de artistas fundamentais no panorama histórico e crítico da arte pernambucana, tais como J. Borges, José Barbosa, Cavani Rosas, Maria Carmen, George Barbosa e Ziel Karapotó. A programação da galeria foi pensada para fortalecer e revelar talentos locais e nacionais, oferecendo um espaço para exposição tanto institucionais quanto experimentais. Com isso, a Christal Galeria de Artes busca desempenhar um papel vital com um território onde as artes influenciam os espectadores em suas percepções e interações com o mundo.
Serviço:
Exposição Chamar o Rio
Quando: A partir do dia 09 de outubro de 2025.
Onde: Christal Galeria, Rua Jeremias Bastos, 266, Pina.
Horário de visitação: De segunda a sexta, das 10h às 19h.
Entrada Gratuita.
Mais informações pelo Whatsapp: (81) 98952-7183 ou pelo e-mail contato@christalgaleria.com.br.
*Via Assessoria