Relatório do Fórum Econômico Mundial aponta que 170 milhões de novos empregos surgirão até 2030 e 92 milhões serão destituídos. Especialista em IA aplicada a negócios, Douglas Ferro analisa as mudanças nas habilidades exigidas e nos rumos com a automação em expansão.
A Inteligência Artificial (IA) tem remodelado de forma definitiva o mercado de trabalho global. Ferramentas automatizadas, algoritmos preditivos e sistemas de machine learning ocupam cada vez mais espaço em atividades antes exclusivas dos seres humanos. O impacto da IA não se resume à substituição de tarefas: ele impõe uma nova lógica, exigindo do profissional contemporâneo um conjunto distinto de competências. Segundo o relatório Futuro dos Empregos 2025, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, as mudanças equivalerão a 22% dos empregos até 2030, com 170 milhões de novas funções a serem criadas e 92 milhões destituídas.
Douglas Ferro, especialista em IA aplicada a negócios, CEO da Dreamind e mentor de empresários em estratégias de transformação digital, observa que o impacto da tecnologia vai além da substituição de mão de obra. “O avanço da IA desloca o eixo do trabalho humano. De tarefas repetitivas para funções estratégicas, da execução para a tomada de decisão orientada por dados. É uma mudança de lógica”, afirma, destacando habilidades em IA, big data e segurança cibernética como as de maior crescimento na demanda.
“As habilidades humanas, como a criatividade, continuarão essenciais. Assim, uma combinação desses tipos de habilidades será cada vez mais crucial em um mercado de trabalho em constante mudança”, explica Douglas. O relatório do Fórum reforça este argumento: cerca de 40% das habilidades exigidas no trabalho devem mudar e 63% dos empregadores já citam esse problema como a principal barreira, diz o documento, com base em dados de mais de mil empresas no mundo.
No Brasil, os dados seguem a mesma tendência. De acordo com estudo da Microsoft em parceria com a consultoria Edelman, para 93% dos líderes empresariais do país, a IA está redesenhando as prioridades de suas organizações. Apesar disso, apenas 27% dos trabalhadores dizem estar plenamente preparados para atuar nesse novo contexto.
Para Douglas Ferro, esse descompasso entre as mudanças tecnológicas e a qualificação da força de trabalho pode se tornar um dos grandes desafios da década. “As empresas que não investirem em requalificação vão perder produtividade. E os profissionais que não se atualizarem correm o risco de ficar à margem”, diz. Segundo ele, é papel das lideranças empresariais criar ambientes de aprendizagem contínua. “A transformação tecnológica precisa ser acompanhada por uma transformação humana”, completa.
AUTOMAÇÃO
Alguns setores já experimentam os efeitos da automação de forma mais intensa. No varejo, por exemplo, assistentes virtuais têm assumido atendimentos básicos. Na indústria, robôs com visão computacional realizam inspeções de qualidade em tempo real. No setor financeiro, algoritmos fazem análises de risco em segundos. O uso de IA nestes contextos não elimina o papel do ser humano, mas o reposiciona.
Com mais de 12 anos de atuação no mercado de inovação e tecnologia, Douglas Ferro defende uma abordagem estratégica e responsável sobre o uso da IA nos negócios. Ele participa frequentemente de eventos sobre transformação digital e atualmente cursa o programa de Inteligência Artificial Generativa do MIT, nos Estados Unidos.
“A pergunta não é se a IA vai mudar o trabalho, mas como nós vamos nos adaptar a essa mudança. Precisamos discutir quais habilidades queremos desenvolver como sociedade”, afirma Douglas. “A discussão sobre o futuro do trabalho na era da IA é urgente e precisa incluir governo, empresas, trabalhadores e a sociedade civil”, conclui.
*Via Assessoria