Hora de agir: Pernambuco precisa buscar ativamente os investimentos internacionais

Pernambuco precisa urgentemente repensar sua estratégia de inserção na economia global. Vivemos em um Estado com potencial imenso, mas ainda marcado por desigualdades profundas, baixa densidade industrial e um modelo de atração de investimentos que permanece, em grande parte, passivo. A lógica predominante é a de esperar pela demanda – por vezes internacional, por vezes induzida por Brasília – e, uma vez identificada, oferecer incentivos pontuais, como redução fiscal ou cessão de terrenos, para atrair grandes empresas. Foi assim, por exemplo, no caso da instalação da Stellantis em Goiana.

Mas esse modelo reativo não é suficiente para acelerar o desenvolvimento que Pernambuco precisa. Em um cenário internacional de mudanças tecnológicas e transição energética, a competição entre regiões não se vence apenas com isenções: é preciso inteligência estratégica, proatividade e articulação internacional. Em outras palavras, Pernambuco precisa assumir uma postura demand-side opportunity driven, ou seja, voltada para identificar demandas futuras e posicionar o Estado como solução concreta – antes mesmo que os investidores batam à porta.

Dois movimentos globais nos oferecem hoje uma janela de oportunidade clara: a corrida mundial por data centers e a busca por infraestrutura intensiva em energia limpa. Pernambuco já produz energia renovável em volumes que superam sua própria demanda – um ativo estratégico de valor crescente diante das metas globais de descarbonização. Esse excedente energético poderia ser convertido em atrativo direto para empresas de tecnologia, computação em nuvem, inteligência artificial e blockchain, todas sedentas por energia limpa, estável e escalável.

Ao mesmo tempo, temos uma população jovem e carente de bens e serviços – um mercado interno pouco explorado e com alto potencial de consumo. Pernambuco pode ser reposicionado internacionalmente não apenas como um polo de produção, mas também como uma plataforma de acesso a um mercado regional emergente. Serviços financeiros digitais, educação tecnológica, mobilidade elétrica e saúde acessível são setores em que investidores internacionais buscam escala e impacto social ao mesmo tempo.

O convite que fazemos ao Governo de Pernambuco é simples, mas urgente: é hora de estruturar uma política pública ativa de prospecção de investimentos internacionais, com metas claras, equipes preparadas e capacidade de articulação direta com fundos globais, corporate ventures e multinacionais estratégicas. É hora de sair da defensiva e passar a jogar no campo adversário. Ao incorporar essa nova lógica – baseada em inteligência econômica, antecipação de tendências e aproveitamento de ativos locais – Pernambuco pode se tornar não apenas um destino atrativo, mas um protagonista na nova geografia dos investimentos globais. Não se trata de esperar o futuro acontecer. Trata-se de provocá-lo. E de garantir que Pernambuco esteja pronto para liderar.

 

André Bruère – Empresário com mais de 30 anos operando nas Américas e Europa.

Presidente do LIDE Internacional

*Via Assessoria