RAYANA RAYO APRESENTA SUA PRIMEIRA EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL, NA GALERIA MARCO ZERO

Com curadoria de Galciani Neves, “Nas restingas, onde sonha o coração” reúne pinturas e desenhos da artista pernambucana. Abertura acontece em 19 de março, às 19h, com entrada gratuita

O universo imagético de Rayana Rayo é formado por paisagens e personagens fantásticos, com formas e cores particulares, desenvolvidos em uma figuração abstrata que está alicerçada em uma profunda investigação interna. Suas obras são mergulhos nas suas emoções e subjetividade, entrelaçando realidade e ficção. Essas narrativas instigantes e férteis, abertas ao diálogo com os olhares do público, ganham destaque na primeira exposição individual da artista pernambucana, intitulada “Nas restingas, onde sonha o coração”, na Galeria Marco Zero. Com curadoria de Galciani Neves, a mostra será aberta no dia 19 de março, às 19h.

A investigação dos tensionamentos entre abstração e figuração e o interesse pelo onírico e o inconsciente são pilares da produção de Rayana Rayo. Seu contato com a pintura começou cedo, a partir das influências imagéticas do pai, o artista plástico Zé Carlos Viana, e da mãe, a decoradora Cláudia Bacelar, mas foi a partir de 2016 que ela começou a se dedicar profissionalmente às artes visuais. Desde então, vem construindo um repertório formal singular, reconhecido nacional e internacionalmente. Atualmente em residência no Instituto MECA, seu trabalho integra importantes coleções pública e privadas, entre elas, da Pinacoteca de São Paulo, e recentemente foi destacado no livro “Sonhos ao Sol – Miragens da Arte na América Latina”, publicação que reúne obras de artistas da região que abordam os sonhos e o fantástico.

“Nas restingas, onde sonha o coração” reúne trabalhos recentes da pernambucana, em sua maioria produzidos em 2024 e inéditos, em pintura e desenho. Para a curadora Galciani Neves, as narrativas desenvolvidas por Rayana refletem o momento da vida da artista e como ela o “diluiu, digeriu e transformou em arte”.

“A arte, para ela, é uma ferramenta para lidar e tratar com o cotidiano, com um viés de fabulação, invenção, um pouco fantástico, mágico. É como se ela tivesse, nesse pouco tempo de trajetória, construído um vocabulário de formas e cores do qual vai se apropriando, adicionando mais critérios formais, para, assim, criar uma narrativa imagética do que viveu. Verdade e ficção não existem como contornos estanques no trabalho de Rayana. Esse laboro também funciona como um viés, um óculos de olhar para a vida. Entramos em uma sintonia para entender que a exposição tinha que ter a construção de um clima de fabulação, um olhar para aquilo que personagens e paisagens constituíam quando estavam juntos, percebendo também que o espaço da galeria seria um pouco ‘inundado’ por essas histórias”, explica a curadora.

O título da exposição faz alusão ao ecossistema litorâneo cuja vegetação abriga e garante a subsistência de diversas espécies de animais. De suma importância para a proteção das praias, é também frágil, altamente influenciado pelas condições climáticas e a ação humana. Nas 18 telas presentes na mostra, a água é um elemento onipresente, que a artista apresenta de diferentes maneiras, seja de forma livre ou comprimida em algum recipiente.

“Quando comecei a trabalhar nas obras para a exposição individual, foi aparecendo uma paisagem que sempre se repetia, pois tinha água envolvida. Decidi que seria um elemento que apareceria em todas, fosse materializada, estocada, oceânica, dentro de um personagem, o que levou a essa ideia de restinga proposta por Gal. Passei a me interessar por como a terra se relaciona com a água ou como as plantas se transformam com a água – como quando as coloco em vasos, aqui em casa, para fazer mudas. É uma espécie de enraizamento aquático. Nessas tentativas de sempre estar caminhando dentro dessa paisagem, apareceram também processos de temporalidade, da influência do dia e da noite na pintura, tanto em relação à luz quanto aos meus sentimentos. Tudo se manifesta sempre de maneira muito acolhedora porque, na minha pintura, me permito fazer o que quer que seja pelo princípio do prazer”, enfatiza Rayana Rayo.

Com trabalhos em diferentes dimensões, entre eles de larga escala, a exposição é, nas palavras da artista, como instantâneos do seu momento de vida, em sua abstração figurativa. Tanto que dois trabalhos são nomeados como autorretratos – ainda que ela indique que vários outros também têm essa característica, ainda que com outros títulos, a exemplo de “Todos os demônios internos”.

Além das pinturas, Rayana Rayo também apresentará cerca de dez desenhos. Ela explica que, para ela, o desenho oferece um lugar mais livre e despretensioso para a criação e funciona como um veículo criativo em momentos no qual não pode pintar. “Os vejo como outra coisa minha, que têm ligação (com a pintura) pelas formas, nos quais é possível perceber uma consistência, mas que tomo como estudos que vão para além das minhas séries; são dos meus processos como artista.  Acho que é interessante para quem observa porque dá para entender o processo para além da pintura, revelando mais sobre mim como artista e camadas do meu processo”, reforça a artista.

Para acompanhar a exposição, a curadora Galciani Neves assina microcontos inspirados nas obras que integrarão também uma publicação em torno da mostra, que será lançada na Galeria Marco Zero.

Serviço:
Exposição “Nas restingas, onde sonha o  coração”, de Rayana Rayo
Local: Galeria Marco Zero (Avenida Domingos Ferreira, 3393, Boa Viagem)
Abertura: 19 de março de 2025, às 19h
Visitação: de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábado, das 10h às 17h.
Entrada franca
Informações: (81) 98262-3393 / www.galeriamarcozero.com / @galeriamarcozero (Instagram)

*Via Assessoria