AMPARO 60 MARCA NOVA FASE COM A EXPOSIÇÃO 3X6 PERCURSOS

A galeria Amparo 60 ganha nova sede e inaugura exposição comemorativa

A galeria Amparo 60, que celebra 24 anos neste mês de junho, acaba de trocar de endereço. Depois de cinco anos, ocupando um dos salões das sobrelojas do edifício Califórnia, a galeria passa a funcionar no terceiro andar da loja Dona Santa, em Boa Viagem. Para marcar o momento, a galeria convidou a curadora Heloísa Amaral Peixoto para idealizar, em conjunto, uma exposição inaugurativa, marcando um novo ciclo de projetos e prospecções artísticas programadas pela Galeria. A coletiva reúne seis artistas de destaque no casting da Galeria, são eles: Ascânio, Clara Moreira, Cristiano Lenhardt, Fefa Lins, Marcelo Silveira e José Patrício.

“A coletiva 3×6 Percursos representa bem a gama de narrativas do nosso casting. São artistas de gerações, técnicas e pesquisas diferentes, mas que estabelecem inúmeros diálogos e conexões quando são colocados em conjunto dentro do mesmo corpus. É uma extensão da nossa proposta na SP-Arte deste ano, que colocou a Amparo na lista dos 10 stands mais impactantes da revista Select. Será uma exposição especial, o preview de uma nova fase da Galeria, explica a galerista Lúcia Costa Santos.

Para a curadora, a Amparo 60 apresenta uma perspectiva única, observando a arte, os artistas e sua produção a partir de lentes diferentes das centralizadas no eixo Sul-Sudeste brasileiro. “A proposta aqui, assim como foi na SP-Arte, é construir conceitualmente uma correspondência coletiva entre essas poéticas”, explica. Cada um dos seis artistas terá um pequeno universo de três obras expostas. “Faremos um passeio pela história dos artistas e, concomitantemente, pela trajetória da galeria. Queremos conjugar gerações e destacar a diversidade da Amparo 60, que abraça e incorpora pesquisas diversas ao seu repertório”, complementa a co-curadora e jornalista Thaís Schio.

NOVO ENDEREÇO

Depois de dois anos de pandemia, momento que fortaleceu a criação de espaços colaborativos, a galerista Lúcia Costa Santos optou por se juntar ao pool de projetos que estão sendo desenvolvidos na Dona Santa. “Foram dois anos complicados, trabalhamos de forma remota e percebemos o quanto era importante compartilhar espaços, projetos e ideias. Nossa parceria com a SpotArt, por exemplo, possibilitou o projeto Mirada, que realizamos ao longo de 2021. Então, nos pareceu uma oportunidade excelente essa mudança. Uma forma de nos mantermos conectados e contemporâneos. A Número Galeria, projeto que lançamos  – eu, Eduardo Gaudêncio e Ricardo Lyra – na CasaCor 2021, encontrou sua casa no segundo andar da Dona Santa, agora chega a Amparo 60 para somar ”, afirma.

Embora próximas, a proposta da Amparo 60 e da Número são diferentes, a primeira trabalha com obras de arte diversas e a segunda está focada exclusivamente nos múltiplos. “Não há competição entre elas. Há uma soma. Por exemplo, artistas que fazem parte do casting da Amparo têm seus múltiplos expostos e comercializados na Número, enquanto as obras únicas ficam na Amparo. Dessa forma, conseguimos chegar a públicos diferentes”, diz a galerista, ressaltando que todo o projeto de uso do prédio da Dona Santa passa por essa visão integrada e colaborativa.

“A Dona Santa vem sendo pioneira em levar para seus clientes experiências que vão muito além da moda, trazendo para seu espaço gastronomia, beleza e decoração. As parcerias com a Número e com a Amparo 60 ampliam essa visão, colocando a arte como uma das protagonistas deste novo momento pós-pandemia. Para mim, está claro que hoje é preciso oferecer a nosso público serviços e experiências diversos, que dialoguem entre si, permitindo que num mesmo lugar ela se informe, se divirta, aprenda e consuma”, complementa Juliana Santos, da Dona Santa.

OS ARTISTAS

A “relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia” fixou-se como questão central do trabalho de Ascânio MMM durante toda a década de 1970. O artista, que acaba de integrar o casting da Amparo 60, nasceu em Fão, Portugal, em 1941, e, atualmente, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. São deste período as ‘Caixas’, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados. A partir da década 2010, com os ‘Quasos’, continua a pesquisa sobre as possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos.

Indicada ao Prêmio Pipa 2022, Clara Moreira é artista visual, desenhista, nasceu e mora no Recife. Sua pesquisa artística desenvolve-se no uso do desenho feito à mão, testando-o como diálogo poético e artesania de corpo. Clara teve obras comissionadas para o Museu de Língua Portuguesa, Instituto Moreira Salles e Sesc Pernambuco. Em 2022, é uma das selecionadas para o programa de residência Pivô Arte e Pesquisa (SP).

Cristiano Lenhardt tem sua obra marcada pela utilização de diversos suportes, seja desenho, pinturas, performances e até instalações. Em 2021, ele inaugurou a mostra UÔIÔU, na Galeria Amparo 60, em Boa Viagem. Os trabalhos apresentados resultaram da imersão do artista na mata e de suas inquietações sobre nossa relação com a terra, com as plantas e animais.

Também indicado ao Prêmio Pipa 2022, as inquietações do artista Fefa Lins estão intimamente ligadas à sua vivência enquanto pessoa dissidente do sistema sexo-gênero. Tendo como ponto de partida a reflexão sobre afetos e desejos, Fefa faz uso de técnicas seculares de pintura a óleo associadas a processos digitais de composição para investigar outras possibilidades para corpos e sexualidades localizados fora das normas hegemônicas.
Marcelo Silveira e José Patrício.

José Patrício nasceu no Recife, em 1960. Estudou Ciências Sociais na Universidade Federal de Pernambuco e é Mestre em Artes Visuais pela mesma instituição. Já expôs em países como Alemanha, França, Estados Unidos e Cuba, entre outros. Como num jogo de lógica, José Patrício inventa tramas tonais, formando labirintos e espirais que se expandem em infinitas possibilidades cromáticas. Nas palavras do curador Felipe Scovino, “há o pensamento racional, ordenamento e constituição de uma regra que deve ser seguida até o limite ou o fim das peças escolhidas. Contudo, o acaso também se faz presente. Esses dois conceitos – Precisão e Acaso – não são antagônicos em sua obra. Pelo contrário, complementam-se e necessitam um do outro e são a chave para compreendermos a sua grande contribuição.”

Marcelo Silveira se interessa em trabalhar com processos, técnicas e materiais esquecidos. Nascido no interior de Pernambuco, Marcelo esteve  em cartaz em Nova York, com a  mostra ‘Hotel Solidão’. A exposição recente, com curadoria de Moacir dos Anjos, foi a primeira individual do artista nos Estados Unidos e os trabalhos são compostos majoritariamente por cajacatinga, árvore nativa de solos mais secos. Em Pernambuco, deu continuidade à exposição na Galeria Janete Costa.

SERVIÇO
Inauguração da coletiva 3×6 percursos
14 de junho, aberto ao público a partir das 19h
No 3º  andar da loja Dona Santa (Rua Professor Eduardo Wanderley Filho, 187 – Boa Viagem, Recife – PE, 51020-170)

*Via Assessoria