As mudanças na rotina e o impacto psicológico do confinamento são apontados por especialistas como as principais causas que levaram ao aumento dos casos de obesidade infantil
Longe da escola, dos amigos, trancados em casa, muitas vezes sentados em frente à televisão ou ao computador, assistindo aulas on-line, sem brincar, correr ou jogar bola. Esse se tornou o cenário de diversas crianças ao longo dos últimos meses devido à pandemia de coronavírus. O isolamento social, a suspensão das aulas e as medidas de restrição alteraram a rotina e afetaram a saúde física e mental de crianças e adolescentes. O tédio e a ansiedade que aparecem por passar tanto tempo em casa tiveram reflexos na balança.
As mudanças na rotina e o impacto psicológico do confinamento são apontados pelo psicólogo e Especialista em Terapia Cognitivo – Comportamental na Infância e Adolescência, Rodrigo Nery, como as principais causas que levaram ao aumento dos casos de obesidade infantil. “As crianças estão em casa sem muita opção de lazer, sem poder sair para brincar com os amigos. Isso ocasiona Oscilações no humor, onde uma das queixas mais comuns é que as crianças possam de felizes e ativas para emburradas e retraídas. Em seguida, aparecem sintomas como aumento da ansiedade, falta de concentração nas aulas online, agitação, insônia, tristeza, agressividade e aumento de apetite”, disse Rodrigo Nery.
O psicólogo ainda indicou alternativas de tratamentos durante a pandemia. “É importante a intervenção com um Psicólogo tanto com os pais como com a criança, com objetivo de promover o desenvolvimento de estratégias e competências facilitadoras da mudança dos comportamentos alimentares e de atividade física da criança nesse contexto de isolamento social. A Psicoterapia on-line com as crianças é uma opção para os pais que não se sentem seguros em levá-las ao consultório presencial, podendo assim colher os benefícios de um acompanhamento psicológico nesse contexto atual”, completou o especialista em Terapia Cognitivo.
Segundo dados obtidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), antes da pandemia em 2019, entre as crianças acompanhadas na Atenção Primária à Saúde do SUS. 14,8% dos menores de 5 anos e 28,1% das crianças entre 5 e 9 anos tinham excesso de peso. Destas, 7% e 13,2% apresentavam obesidade.
Para o nutrólogo Dyego Augusto, o maior problema é que como a obesidade é um processo inflamatório, as pessoas que estão acima do peso e contraem o coronavírus podem evoluir rapidamente para o estado grave da doença. “Muitas crianças estão comendo alimentos com baixa qualidade nutricional, em grandes porções e mais vezes ao dia. Outras aumentaram a quantidade de comida, e ainda há aqueles que desenvolveram transtornos alimentares e não conseguem comer normalmente”, alertou.
*Via Assessoria