Papa fujão divide a Itália e os críticos de cinema

 

Filme “Habemus Papam”, de Nanni Moretti, cria polêmica com papa que foge do cargo e partida de vôlei em pleno Vaticano

 

 

Filme “Habemus Papam”, de Nanni Moretti, cria polêmica com papa que foge do cargo e partida de vôlei em pleno Vaticano

 

 

 

O filme “Habemus Papam”, que estreou recentemente na Itália, criou uma polêmica entre católicos italianos como não foi vista desde a estréia de “O Código da Vinci”. A comédia de Nanni Moretti, que também será exibida no Festival de Cannes, conta a história de um cardeal que entra em pânico diante da iminência de ser eleito papa e liderar 1 bilhão de católicos.


O influente “Avvenire”, publicação que representa o episcopado católico italiano, divulgou uma carta em que um expert em Vaticano pede que o filme fosse boicotado. “Por que deveríamos financiar aqueles que ofendem nossa religião?”, questiona. A resenha do jornal não poupa Moretti por mostrar “a morte de uma igreja velha e confusa” e por deixar de lado aspectos cruciais da fé católica e da comunhão com Cristo.

Alguns analistas, no entanto, elogiaram o filme e descartaram a hipótese de uma nova polêmica ao estilo “O Código da Vinci”, por mostrar uma Igreja preocupada com seu papa (interpretado pelo ator italiano Michel Piccolli, de 85 anos) e a humanização dos religiosos frente à tamanha responsabilidade. “A imagem que Moretti dá da igreja é de uma natureza boa, não há nada de confrontativo ou cáustico”, escreveu o autor católico Vittorio Messori, que também lembrou a ausência, no roteiro, dos recentes escândalos sexuais e financeiros envolvendo o Vaticano.

Entenda o filme – Após a abertura com cenas do funeral do papa anterior – que incluem imagens do enterro de João Paulo II (1920-2005) –, o filme mostra o conclave em que o cardeal interpretado por Piccolli é eleito papa. Imediatamente, ele entra em pânico e foge pelos corredores da Capela Sistina, enquanto o camerlengo, sem saber da confusão, anuncia as palavras “Habemus Papam” – latim para “Temos papa”, frase usada quando o pontífice é eleito.

Enquanto o porta-voz do Vaticano inventa uma tonelada de mentiras para acalmar a multidão ansiosa na Praça de São Pedro, um psicanalista (interpretado pelo próprio Nanni Moretti) é chamado para ajudar o novo papa. “Estão vendo em mim uma qualidade que eu não possuo”, diz o papa para o psicanalista. “Eu não consigo!”, ele grita em outro momento, sob pressão.

Para complicar, o novo papa escapa do Vaticano e começa a vagar pelas ruas de Roma em busca de respostas. Nesse meio-tempo, cardeais e o psicanalista permanecem enclausurados no Vaticano, ocupando-se com jogos de cartas e até um surreal torneio de vôlei.

Conhecido por suas sátiras políticas, como no recente “Il caimano”, sobre o primeiro ministro Silvio Berlusconi, ou em “A missa acabou”, quando interpretou um padre confuso, Moretti sustenta que não tinha intenção de fazer um filme sobre o Vaticano.

“É um filme sobre as dificuldades de atender às expectativas de outras pessoas”, explicou. “É a história de um homem que tem de reconhecer seus limites.”

O filme não tem previsão de estreia no Brasil.

 

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