Trânsito lento, muitos ônibus, pessoas andando em todas as direções, comércio informal ocupando grande parte das calçadas, sujeira e uma impressão de que se não for o caos, ele deve estar bem próximo. Esta pode ser a descrição de qualquer via movimentada em grande parte do mundo, então o que a Avenida Conde da Boa Vista tem de tão especial assim? O que pode existir de belo em um local que funciona como uma espécie de porto, onde por dia circulam milhares de pessoas que vem ao centro da cidade?
Antes de tudo um breve histórico sobre minha personagem, a avenida, que recebe este nome graças ao Conde da Boa Vista, que foi seu idealizador. Francisco do Rego Barros, foi presidente da província de Pernambuco, ficou no cargo de 1837 até 1844, nessa época além de ordenar a construção do Palácio do Governo (até hoje em uso) ele também elaborou diversos projetos, como a reforma de pontes, a construção da Casa de Detenção (atual Casa da Cultura) e também aterros, que mandou fazer para expandir e facilitar o deslocamento na cidade.
Dentre esses aterros, o mais importante é o da Boa Vista, que partia da Rua da Aurora até o bairro da Várzea, onde residiam os senhores de engenho. No começo, chamada de Rua Formosa, também foi chamada de Caminho Novo e só em 1870 veio a receber o nome daquele que a construíra, como forma de homenagem póstuma.
Andando rapidamente pela avenida, não vemos o quão rica artisticamente falando ela é, seja através das janelas do carro ou ônibus, ou até mesmo quando andamos a pé. Uma escultura na parede da fachada ou na entrada do estacionamento de uma loja é tão ignorada quanto a inovadora e curiosa arquitetura de um edifício residencial. Para notar só é preciso um pouco mais de calma e atenção, assim poderemos observar com riqueza de detalhes algumas coisas que os artistas, propositalmente ou não, nos deixaram por ali.
Imaginem uma caça ao tesouro, temos um mapa com um caminho traçado, e quatro pontos principais nos farão caminhar por toda a avenida. Nossa exploração parte do cruzamento da Rua da Aurora (aquela do poema “Aurora da Minha Vida” de Manuel Bandeira) e vai em direção ao Parque do Derby, mais precisamente até a Clínica Luiz Inácio. Faremos o caminho de volta dos antigos senhores de engenho, só que agora o caminho está muito mais movimentado e rico. Que venha nosso primeiro ponto.